A Federação dos Trabalhadores do Ramo Químico (Fetquim), sindicato filiado à CUT, alerta para um aumento na carga de trabalho dos trabalhadores dos setor químico em razão da pandemia e de novas práticas industrias, o que se convencionou chamar de Indústria 4.0, um jargão para qualificar a uso de automação e novas tecnologia de TI (tecnologia da informação) para aumento de produtividade e geração de valor agregado.
Segundo a denúncia, os trabalhadores do setor estão sofrendo um aumento nos casos de LER/DORT, acidentes por trauma, cortes, além de transtornos mentais como depressão, medo da pandemia e estresse. Mesmo entre os trabalhadores que estão trabalhando de casa sofrem com a falta de condições adequadas para o trabalho, como o uso prolongado de cadeira e mesa sem as condições ergonômicas apropriadas.
* LER é a sigla para “Lesões por Esforços Repetitivos” e DORT significa “Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho”. Tanto LER quanto DORT são um conjunto de distúrbios clínicos agravados pela sobrecarga de trabalho ou por condições inadequadas para realizá-lo.
Um indicador do aumento da carga de trabalho durante a pandemia pode ser notado pelo forte crescimento das vendas no setor farmacêutico, sobretudo de plásticos de embalagens. Este setor tem batido recordes na produção em tempos de crise sanitária, segundo dados da Subseção do Dieese da Fetquim/CNQ/CUT.
A assessoria de saúde e previdência da Fetquim informou um aumento de no número de cobranças do seguro acidente de trabalho no setor plástico, que pode chegar a 6% do Fator Acidentário de Prevenção (FAP). Em condições de normalidade, esta cobrança atingia no máximo 3%. Este percentual dobrado do FAT se deve ao aumento da gravidade e número de acidentes por empresa. Esta realidade atinge 1.938 empresas do setor plástico, metade delas no Estado de São Paulo.
Airton Cano, coordenador da Fetquim-CUT, alerta para a necessidade de campanhas de prevenção e informa que “até o momento, os patrões do setor químico, não tem renovado o acordo de prevenção das injetoras do setor plástico, portanto, nossa mobilização e denúncias devem continuar”.
André Alves, secretário de Saúde da Fetquim, disse: “nossa atenção deve estar dirigida para o setor de embalagens, pois a principal causa da LER/DORT decorre da pressão existente na produção” e denuncia: “vários trabalhadores estão sofrendo dores intensas devido esse ritmo intenso de produção nestas empresas. E aí os serviços de saúde das empresas entulham os trabalhadores com remédios para dor, quando deveriam ter fisioterapia, afastamento preventivo e diminuir o ritmo de produção e contratação de novos trabalhadores. Infelizmente trabalhadores são afastados com dor intensa sem que as empresas façam a Comunicação de Acidentes do Trabalho (CAT), e o trabalhador fica na fila do INSS sem direito aos benefícios acidentários”.
É grave a situação dos trabalhadores do setor químico, há um aumento da carga de trabalho sem que haja contratações. As condições de trabalho são inadequadas e há pressão por aumento de produtividade com a chantagem do desemprego. É preciso uma mobilização nacional, com a coordenação CUT da para garantir a saúde dos trabalhadores de um setor de fundamental importância para o país, sobretudo nesse momento de crise sanitária. É preciso frear a ganância e impor uma derrota aos patrões escravagistas, bem como, seu governo golpista.
