Não é correto avaliar os adversários por um viés apenas moral. A luta de classes nos obriga a ter claro que são os interesses de classe o centro da questão.
Então, não é o mais importante que existam capitalistas que possamos considerar ‘bons’, mas sabemos que há entre os capitalistas aqueles menos civilizados, entre os quais os latifundiários, escravagistas por natureza, escravocratas por convicção.
A imprensa burguesa não usa o termo latifundiário, prefere “agronegócio”, nome bonito que se dá aos negócios dos grandes produtores de grãos, laranja, café, cana-de-açúcar etc., à custa de desmatamento, envenenamento dos rios, grilagem, assassinatos e conflitos com indígenas, sem terra e quilombolas. Também se inclui a pecuária, dos grandes criadores de gado e frango, também vivendo à custa de desmatamento, de exploração de mão de obra barata ou escrava. A maior parte da produção conta com empréstimo de dinheiro público e se destina à exportação.
Os piores casos de trabalho escravo são encontramos no agronegócio, as maiores ameaças aos indígenas e a causa da violência no campo. O agronegócio apoiou e apoia Jair Bolsonaro desde o primeiro momento.
A atriz, ex-Rede Globo, Regina Duarte, aquela que apoiou os tucanos em todas as campanhas e que foi a primeira e mais famosa garota propaganda anti-PT desde a primeira eleição presidencial pós-Constituição de 1988, é casada com um latifundiário e também se tornou uma porta-voz das ‘causas’ dos grandes proprietários de terra: contra a demarcação de terras indígenas, contra a reforma agrária, pró transgênicos.
Para quem não lembra, Regina Duarte protagonizou uma das peças da campanha de José Serra para as eleições presidenciais de 2002, com o bordão “tô com medo“. No vídeo da campanha, ela dizia: “Eu estou com medo. Faz tempo que eu não tinha este sentimento. … Isso [a eleição do Lula] dá medo na gente”.
Antes dela, na campanha de 1989, em que disputaram Collor e Lula, o empresário Mario Amato também dizia ter medo, e fazia uma alarmante previsão de que 800 mil empresários abandonariam o Brasil caso Lula vencesse a eleição.
O caso de Regina Duarte, porém, é suficiente para que possamos identificar quem é o apoiador típico de Bolsonaro. Classe média e membros da elite econômica do país, conservadores e de extrema-direita. Regina Duarte não hesitou em fazer uma campanha calhorda e cheia de mentiras contra Lula, não se furtou a continuar propagando ódio ao petismo, apoiou o impeachment de Dilma Rousseff, e é defensora ferrenha da ‘propriedade’ (leia-se latifúndio) e inimiga declarada dos indígenas e dos trabalhadores rurais sem terra.
Tomou partido pelo fim do Ministério da Cultura quando o desgoverno golpista de Michel Temer quis castigar artistas e ativistas da área. Desde pelo menos 2009, é uma voz ativa contra os direitos indígenas que considera um excesso e prejudicial aos latifundiários. Uma de suas últimas performances foi ‘fantasiar-se’ de gari para acompanhar o então prefeito coxinha e fascista de São Paulo, João Dória. Pela companhia e a quem apoia, sabemos bem quais são seus interesses.
Os que defendem a extrema-direita contra a população, contra os trabalhadores, contra setores oprimidos da sociedade brasileira, apoiam Bolsonaro, ponto.
Regina Duarte é apenas um exemplo bem acabado desse grupo. Vivem de espalhar o medo e alimentar o ódio, demonizar os adversários, desinformar, mas sempre tendo em vista a defesa de seus próprios interesses. Essa defesa é feita à custa da vida dos outros se preciso, à custa da precarização do trabalho, da retirada de direitos e da violência. É contra isso que lutamos.