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Independência de classe

Quem são os “amigos do povo” convidados para o 1º de maio

Políticos da direita e da extrema-direita são convidados para participar da principal data comemorativa da luta da classe trabalhadora pelas centrais sindicais

Depois da notícia surgir na grande imprensa burguesa, o órgão oficioso do PCdoB na internet, Vermelho, confirmou o convite feito pelas centrais sindicais a figuras políticas burguesas, não já dos setores que se reivindicam da democracia – em si, já seria um grave erro por se tratar da comemoração do dia internacional do trabalhador, data em que se comemora a luta e a independência de classe diante da burguesia -, mas políticos diretamente da direita e da extrema direita.

Como se trata de uma “live”e não de um ato público como deveria corresponder à importância do dia, portanto longe da vaias e da reação popular que fatalmente ocorreria caso esses políticos tivessem coragem de comparecer a um evento público, não pode haver nada de mais cômodo do que o palanque virtual, para pousar de “amigo do povo” ao lado de Lula e dirigentes da CUT.

Independentemente das peculiaridades de cada um deles, e vamos tratar nesta coluna, uma questão que é comum a todos e também aos seus partidos é a defesa do golpe de Estado de 2016 que derrubou a presidenta legítima Dilma Rousseff, em seguida promoveu uma verdadeira caçada humana a dirigentes do PT, em particular ao ex-presidente Lula e, finalmente, garantiu a eleição pela fraude e manipulação de Jair Bolsonaro e de muitos dos golpistas em questão.

O encabeçador da lista de convidados é nada mais nada menos do que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, um dos maiores criminosos que já dirigiu o País. Eleito em 1994 em meio a uma fraude que teve como carro-chefe o plano Real, foi responsável pelo maior plano de desmonte da indústria nacional em favor do imperialismo. Nesse processo, liquidou com quase todas as estatais brasileiras em operações denunciadas à época como verdadeiras doações. Um dos casos que ficou mais conhecido foi o da Vale do Rio Doce, hoje Vale. Vendida em 1997 por 3,3 bilhões de dólares, detinha mais de 100 bilhões de dólares apenas em reservas minerais, à época. Sem contar os milhões de desempregados resultado da primeira onda neoliberal ocorrida no seus governos, a primeira reforma da Previdência, FHC deixou o País com quase 25% da população vivendo na pobreza, segundo dados oficiais.

João Dória (PSDB) e Wilson Witzel (PSC), governadores de São Paulo e Rio de Janeiro, respectivamente, são políticos de extrema-direita que cresceram na esteira do bolsonarismo, sendo eleitos pela mesma fraude eleitoral, inclusive com slogans em comum, como era o BolsoDória. Entre as proezas de João Dória está a de servir ração animal nas escolas infantis de São Paulo, quando era prefeito da capital. Mas isso até pouco diante do que fizeram. Tanto Dória como Witzel se notabilizaram pela extrema violência com que tratam as populações das periferias, sendo as PMs dos dois estados campeãs em assassinatos e chacinas, como foi o caso recente de Paraisópolis em São Paulo e as 71 chacinas ocorridas no Rio de Janeiro em 2019, todas com envolvimento policial. Alguns episódios se transformaram em símbolos da sordidez de ambos os políticos. As cenas de Witzel de posse de um fuzil atirando de um helicóptero em uma favela de um morro no Estado do Rio e os mendigos de São Paulo sendo acordados pela guarda municipal com jatos de água gelada em plena madrugada de inverno na capital paulista. 

Tem, ainda, os próceres direitistas presidentes da Câmara e do Senado, respectivamente, César Maia e Davi Alcolumbre, ambos do DEM, o partido da ditadura militar (ARENA) que mudou de nome várias vezes para encobrir seus rastros de crimes contra a população. São os articuladores dentro do Congresso da implementação da política bolsonarista de descarregar nas costas dos trabalhadores a crise capitalista: reforma da Previdência, reforma trabalhista, MP 936, entre outras.

Poderia falar de Dias Toffoli, o presidente de fachada do STF, um títere dos militares, mas vou encerrar fazendo menção a um dos políticos mais direitistas entre os convidados, mas que por obra e graça da esquerda é considerado como “de esquerda”. Trata-se do ex-candidato a presidente pelo PDT, Ciro Gomes. Ciro, aparece na política pelas mãos da ARENA, mas fica conhecido nas mãos do padrinho e novo coronel do Ceará, Tasso Jereissati (PSDB) de quem é aliado até os dias de hoje. Pulou do PSDB passando por inúmeros partidos, mas a sua função central foi a de sempre se contrapor ao PT eleitoralmente, como um “laranja” “esquerdista” do PSDB. Formalmente se colocou contra o golpe, mas durante todo esse período foi usado para atacar Lula e o PT. Gomes é uma espécie de “cabo Anselmo” dos partidos burgueses. Encontra respaldo dentro da esquerda justamente por conta da ala direita do PT e do PCdoB que têm uma política que se confunde com a do PSDB.

Aqui se trata de um breve histórico dos “amigos do povo” que as centrais querem levar para um ato, mesmo que virtual, do dia dos trabalhadores. O que está acontecendo não é um “raio em céu azul”, mas é o resultado da capitulação da esquerda diante da direita. Aliás um bom exemplo disso, para não citar outras pseudo centrais que são dirigidas diretamente por partidos da burguesia, temos o caso da Força Sindical, que é exemplar nesse sentido, por se tratar de uma central gestada justamente no interior da FIESP e que tem como patrono maior o deputado federal Paulinho da Força, um expoente – a política brasileira está cheia de expoentes medíocres -, na defesa do golpe de 2016 e de todas as suas consequências, tanto quanto os políticos citados nesta coluna.

Para encerrar, o problema crucial desse 1º de maio  não é a direita, mas justamente a esquerda que se subordina a direita, particularmente a Central Única dos Trabalhadores. Notícias na imprensa dão conta que estaria havendo uma rebelião no interior da Central contra esse ato grotesco. Oxalá seja verdade e que essa rebelião aponte uma alternativa que faça jus à comemoração do dia dos trabalhadores, uma data que deve ter como princípio fundamental a absoluta independência dos trabalhadores diante dos patrões, seus partidos e seu governo.

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