Interessante e irônica nota foi publicada no sítio da revista “Época” no dia 02 de março,. Intitulada “Quem manda no governo Bolsonaro?” o texto diz que ninguém sabe quem fala groso no governo mas no corpo da matéria desfila uma série de episódios relativos a disputas nas quais quem bateu ao final foi algum militar.
Os episódios elencados no artigo são a decisão quanto ao cargo de embaixador na Eslovênia, a candidatura do Senador Tasso Jereissati à presidência do Senado, o veto à ocupação da chefia da Secretária de Imprensa (SIP) por Carlos Bolsonaro e a demissão do Chefe da Casa Civil, Gustavo Bebbiano.
Há muito já está claro que a presença de militares em cargos do governo só tem feito aumentar desde o início do atual governo ilegítimo. Ela já era grande durante o governo golpista, e também ilegítimo, de Temer, mas, agora, atingiu nível superior à existente durante toda a ditadura militar. No Palácio do Planalto resta somente um paisano em cargo do primeiro escalão, o Ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. Parece estar se realizando o plano anunciado em passado recente pelo General Hamilton Mourão de ocupação do espaço político através de aproximações sucessivas.
Na véspera do julgamento do pedido de habeas corpus formulado pelo ex-presidente Lula pelo Supremo Tribunal Federal o General Villas Bôas ameaçou publicamente aquela egrégia corte para que o pedido fosse negado. Não se sabe até hoje quais teriam sido as consequências caso a determinação não houvesse sido pronta e caninamente acatada. As decisões relativas à política externa tem sido abertamente tomadas pelo Vice-Presidente, General Mourão e o titular do Itamarati tornou-se apenas uma figura decorativa e folclórica. Durante a última reunião do chamado Grupo de Lima o papel do diplomata foi apenas o de, ao final da reunião, cumprimentar o vice estadunidense. Quem sentou-se na cadeira do Brasil e expôs a posição do país foi o General Mourão.
Embora indiscutível que os militares estejam ampliando seu espaço na política e na burocracia governamental. Esta tarefa é altamente facilitada diante do governo bufão e improvisado que assumiu o poder após as últimas eleições.
As condições para um governo assumidamente militar estão colocadas no Palácio, mas as condições externas se mostram muito complicadas para que eles assumam o poder de uma vez por todas, o que nem de longe quer dizer que essa não possa vir a ser a “saída” da direita para o avanço da crise atual.
As rachaduras do edifício capitalista, então, ainda não eram visíveis para todos. Hoje não existem mais petrodólares rolando pelo mundo procurando um lugar para aportar. Não existe dinheiro no mercado financeiro internacional para “financiar” um falso milagre econômico aqui. As perspectivas da economia mundial são sombrias, em todo o mundo cresce a polarização política e há sinais claro de uma evolução à esquerda que se enfrenta cada vez mais com a “saída” direitista da direita, como o fascismo.
Em tais condições, cabe aos trabalhadores manter uma atitude de vigilância e contra ataque a esse processo pois nada ganharão e tudo perderão caso os planos para uma ditadura militar se concretize e mais do que isso avançar na sua organização política, independente da burguesia para enfrentar e derrotar os golpistas, o que nesse momento, passa pela luta por “Fora Bolsonaro e todos os golpistas!”