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A crise vai continuar

Quem é a ameaça maior para a economia do Brasil: Biden ou Trump?

Democratas e Republicanos não são tão diferentes como faz crer a grande mídia e a esquerda pró-americana

A polarização entre Democratas e Republicanos nas últimas eleições norte-americanas faz crer que sejam polos opostos de um sistema político democrático. Em verdade, o grande feito da indústria cultural dos EUA foi fazer com que o mundo todo acreditasse ser ele o país da liberdade e da democracia. É claro que essa ideia tem muito a ajuda de uma realidade peculiar. O atual presidente, tosco e truculento, que defende ideais próximos do fascismo, faz os Republicanos parecerem ao mundo como um partido tipicamente nazista. Enquanto que os Clinton, Obama e vários aristocratas cultos do Partido Democrata, faz este partido parecer de esquerda. O aparente anti-intelectualismo dos Republicanos foi marca também nos governos Reagan e Bush (pai e filho). Contudo, quem mais promoveu guerras e conquistas de pilhagem pelo mundo foram os governos Democratas.

Há quem imagine que nos EUA só exista dois partidos e que sempre foi assim. Na verdade, os dois partidos que estão se revezando na presidência da República e na maioria dos legislativos, estadual e nacional, são partidos que representam o poder econômico e político dos que mandam no país. O Partido Republicano, o mais à direita e conservador, foi fundado em 1854 por ativistas antiescravidão e favoráveis à modernização capitalista, foi o esteio de Abraham Lincoln na Guerra Civil, mas a partir dos anos 1920 passou a defender posições econômicas cada vez mais conservadoras e ligadas aos grandes magnatas e latifundiários. O Partido Democrata, criado em 1828 se afirma como continuação de outro que foi criado por Thomas Jefferson em 1791, é um dos mais antigos do mundo. A partir da reorganização de partidos estaduais, o Partido Democrata conseguiu se transformar em uma sólida máquina política. No início era um partido de feições mais conservadoras, com muitos quadros escravocratas. Era o partido que mais se identificava com os proprietários rurais. A partir de 1910 foram adquirindo outra feição, ainda dominada pelos grandes capitalistas, foi se tornando mais progressista.

Além desses partidos, ainda hoje há um grande número de outros. Não conseguem marcar posição diretamente no cenário nacional, na Câmara dos Deputados e no Senado, mas conseguem eleger alguns representantes em nível municipal. Entre os anos 1920 o Partido Comunista dos EUA conseguiu uma forte expressão, assim como outros partidos esquerdistas. Mas ao longo dos anos a esquerda perdeu expressão, até mesmo no movimento sindical, mesmo sem ser aniquilada.

Quem é mais democrata?

Mas, da mesma forma que ser mais à direita ou mais à esquerda em partidos dominados por grandes capitalistas não significa quase nada, a política norte-americana tem sentidos contraditórios no mundo, quando está sob o controle Republicano ou sob o controle Democrata.

Nos anos do pós II Guerra Mundial, de 1945 até os dias de hoje, a presidência de um Democrata significava que os EUA seriam mais agressivos na política econômica internacional, criando mais dificuldades aos países atrasados e subdesenvolvidos, impondo o domínio econômico das empresas norte-americanas e, com isso, diziam defender os empregos e interesses dos trabalhadores norte-americanos. Para países com o Brasil, era preferível ter um presidente Republicano, pois as chances de aumentar sua independência econômica e sua competitividade comercial eram sempre maiores; os Democratas geralmente criavam barreiras comerciais, impondo taxas e sobretaxas aos produtos brasileiros, os Republicanos, à época, retiravam as taxas, mas exigiam que os brasileiros fizessem o mesmo.

Para muitos, a marca moderna do Partido Democrata foi esculpida nos quatro mandatos do presidente Franklin Delano Roosevelt (FDR), quando o país enfrentava a maior crise capitalista da época. FDR implantou um audacioso programa de reconstrução nacional, que foi chamado de New Deal, com investimentos em grandes obras, baseado na regulamentação do mercado financeiro e em uma visão fortemente intervencionista, de feições colonialistas.

O capitalismo norte-americano está em crise há algumas décadas. Nesse período o país foi governado por Republicanos (Ronald Reagan, George Bush, pai e filho) e por Democratas (Bill Clinton e Barack Obama).

Nas histórias dos golpes militares latino-americanos, tivemos tanto a presença promotora de golpes de Democratas quanto de Republicanos. No golpe militar de 1964 foram decisivos os Democratas John F. Kennedy e Lyndon Johnson, que passou à presidência depois do assassinato de seu antecessor. No golpe de 1973, no Chile, era presidente Richard Nixon, um Republicano.

Nas últimas guerras, conquistas, massacres e genocídios pelo mundo, os Democratas foram os mais ativos. Tanto sangue derramado que isso faz os Republicanos até parecerem bonzinhos, o que não são.

No governo do democrata Obama o Brasil foi alvo de espionagem empresarial que atingiu até mesmo a Presidência da República, em uma guerra comercial e econômica que levou à destruição de setores econômicos importantes e de empresas estratégicas. O Departamento de Estado foi sede da ação que culminou com a subordinação do Ministério Público Federal e do Judiciário aos interesses norte-americanos, culminando no golpe de 2016.

Quem o capital apoia?

Na eleição atual, a fina flor do capitalismo norte-americano, o capital financeiro, Wall Street, o setor militar-industrial, as grandes indústrias de tecnologia, a grande mídia, estão todos do lado dos Democratas. Os radicais de direita, a Igreja Católica, o setor rural, está do lado dos Republicanos. E os trabalhadores, estes estão desempregados, nas filas de comida e nos guetos que se espalham pelas grandes cidades.

Nos EUA, 40 milhões de pessoas vivem abaixo da linha oficial da pobreza. “Os Estados Unidos são um dos países mais ricos, poderosos e tecnologicamente inovadores do mundo. Mas nem sua riqueza, nem seu poder, nem sua tecnologia estão sendo usados ​​para resolver a situação em que 40 milhões de pessoas continuam vivendo na pobreza”, indicou no final de 2017 o então relator especial das Nações Unidas para a pobreza extrema e direitos humanos, Philip Alston. (BBC, 2/8/20)

É claro que no curtíssimo prazo haverá repercussões e algumas mudanças com a eleição do democrata Joe Biden. O golpista Bolsonaro vai amargar uma derrota. E a extrema-direita religiosa do mundo vai perder uma referência na Casa Branca. O quanto isso pode alterar situações políticas no Brasil e no resto do mundo, isso é difícil se prever. Provavelmente haverá uma forte campanha de mídia para trazer um pouco de alegria ao mundo, mesmo continuando tudo igual.

Na economia, a aparente agressividade do Trump contra a China estava gerando uma série de acordos comerciais favoráveis para ambos os países. A presidência dos democratas poderá representar, ao contrário do que se divulga pela grande imprensa, o retorno a ações militares como coadjuvantes das pressões militares, e a guerra estará mais próxima.

A crise não acabará com os Democratas

A forte polarização que as eleições apresentam não é ideológica somente, ela é muito mais a representação política de uma grave crise econômica e social que se manifesta nos EUA há algumas décadas. A crise financeira de 2008 ainda não acabou e já se soma a uma crise econômica, energética e ambiental de grande repercussão, que amplifica a desigualdade social e as tensões raciais.

Geralmente a ascensão dos Republicanos representa o recrudescimento das dificuldades dos mais pobres e o fim de programas sociais de amparo a segmentos fragilizados. Isso faz com que nos bairros pobres e especialmente junto aos negros e mulheres, as dificuldades cotidianas sejam aumentadas para além dos limites suportáveis. Com Trump não foi diferente, com cortes nos programas de assistência reprodutiva das mulheres, por pressão da extrema-direita católica, e nos cortes de auxílio à saúde e à alimentação de forma seletiva, como fez também Bolsonaro no Brasil.

Uma parte dos trabalhadores e movimentos sociais reconheceu a crise e começou a se mobilizar. No resto do mundo só vimos os flashes dessa mobilização nas revoltas antirracistas dos movimentos negros. Mas ela está maior que isso. A crise pode provocar mudanças, as eleições não. Temos que lembrar que “toda revolução parece impossível até que ela é inevitável” (Leon Trotsky).

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