O incêndio no Museu Nacional foi uma consequência direta do Golpe de estado que perdura no Brasil, desde o impeachment de Dilma Rousseff até a prisão arbitrária do ex-presidente Lula, favorito disparado nas pesquisas eleitorais.
Curiosamente, na atribuição da responsabilidade ao ocorrido, a direita atribui o fato à incompetência da administração “esquerdista” do Museu, do PSOL. O reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Roberto Leher, psolista, afirmou que a escassez do repasse de verbas remonta ao Governo de Dilma, do PT, como se não houvesse nenhuma diferença entre um Brasil pré-golpe e outro pós-golpe.
Fato é que no governo golpista de Temer os recursos destinados ao museu foram ultra reduzidos. O corte atingiu infames 90%, a mesma percentagem de objetos de valor inestimável perdidos, consumidos pelas chamas.
Independente de quem sejam os autores factuais da tragédia, o incêndio do Museu Nacional é a expressão de uma rejeição geral por parte do poder dominante de três valores principais, o nacional, o público, e o científico.
“Deixar queimar” nossa memória, fonte de nossa identidade nacional, é recusar se reconhecer como brasileiro entre brasileiros, é desejar sentir-se superior àqueles que se explora, o povo, para legitimar de algum modo a exploração.
A precarização dos serviços públicos em favor da privatização generalizada dos mesmos, só tende a fazer aumentar o abismo social entre ricos e pobres. Hoje destruídos, o Museu da Quinta da Boa vista, onde as famílias fazem piqueniques dominicais, como o Maracanã antes da reforma, o Maracanã da geral, eram espaços públicos no sentido mais próprio do termo: espaços de todos, onde as diferenças sociais não importavam, e onde o que dominava era o comum.
A direita tem uma mentalidade estreita, avessa à ciência, quando muito admitida como aprendizado técnico, adestrador da classe trabalhadora. Ela diz não, pois, a todas as disciplinas que podem lançar em suspeição sua forma de poder através da análise histórica e social, e que os direitistas caracterizam como “ideológicas”, quando na verdade trata-se exatamente do contrário.
O pensamento da direita neoliberal rejeita a cultura brasileira, enfim, por que ela rejeita o Brasil, um país de pobres e negros descendentes de escravos, percebidos no máximo como ameaças potenciais de “bandidos”, daí seu ódio, quando não são ignorados completamente.