Segundo pesquisa PNAD-Contínua (“Características adicionais do mercado de trabalho 2019“) divulgada pelo IBGE nesta quarta-feira (26), 745 mil pessoas passaram a utilizar suas próprias residências como local de trabalho em 2019, situação que atinge 4,5 milhões de brasileiros. Destes que ingressaram na modalidade no ano passado, quase 60% (435 mil) estavam no Nordeste e Sudeste, regiões que apresentam os maiores contingentes de trabalhadores atingidos, com 2,1 milhões e 1,2 milhão de pessoas, respectivamente.
Ao jornal O Globo (”Em um ano, 745 mil trabalhadores passaram a gerar renda em casa”, 26/8/2020), a pesquisadora do IBGE Adriana Beringuy, destacou que antes da Covid-19, este modelo era pouco utilizado na administração pública e setores como informação e comunicação, o que se verifica pela distribuição do pessoas trabalhando em casa por setor de ocupação.
Beringuy ressalta também que a pesquisa referente a 2020 (que será divulgado em 2021), deve trazer mudanças, no sentido de “uma expansão disso (trabalho em casa) em 2020, o que estamos vendo é um retrato de 2019. Não necessariamente as atividades de domicílio de residências estão associados a noção de hoje de home office, temos costureiras, manicures, diversas atividades que podem ser exercidas nos próprios domicílios”.
A imprensa capitalista destacou o fato de as tecnologias de informação e comunicação terem se tornado mais baratas, o que explicaria o trabalho em modo remoto. Contudo, a própria pesquisa aponta que mais de 95% das pessoas nesta situação não são trabalhadores formais de empresas, caso de apenas 5,6% dos que trabalham em casa, dado que reforça o caráter de “bico” da situação imposta a milhões de trabalhadores, jogados à marginalidade do sistema produtivo pelas pressões econômicas.
É preciso observar que o trabalho em casa já ganhava força antes mesmo da chegada da COVID-19 ao Brasil, um demonstrativo de que a pandemia atua como impulsionador de uma crise anterior ao surgimento do coronavírus. Sob uma penúria econômica prolongada no País, mais de 38 milhões de trabalhadores foram empurrados à informalidade. A situação é resultado direto da política econômica aplicada pela direita.
Submetida aos desmandos do imperialismo, a economia nacional já apresentava um quadro de crise durante a campanha golpista para derrubar a presidenta Dilma Rousseff. A vitória do golpe, porém, piorou ainda mais a pressão sobre as massas, situação que em função da pandemia este ano, impôs um arrocho ainda mais severo contra os trabalhadores, levando milhões ao desemprego e dezenas de milhões a uma luta desesperada pela subsistência.
A burguesia busca superar a crise porém empurrando seu peso para a classe trabalhadora, sistematicamente atacada pelo corte de direitos, pela deterioração das condições gerais de trabalho e subsistência, e também pelo completo abandono em meio a uma situação de selvageria. Sob a condução da burguesia, nenhuma melhora virá, o que torna necessário o trabalho das vanguardas do movimento operário para organizar a mobilização dos trabalhadores, por uma política econômica voltada aos interesses da classe operária, que tire das massas exploradas o peso da crise capitalista e a devolva aos verdadeiros responsáveis pela mesma: a burguesia decadente.