A crise sanitária provocada pela epidemia do coronavírus além de amplificar os desdobramentos da crise econômica, na medida em que levou uma paralisia da produção com um aumento inaudito do número de desempregados, revelou de maneira cristalina os efeitos perversos da devastação neoliberal, em especial no desmantelamento da saúde pública, inclusive nos países imperialistas.
O exemplo dramático da Itália, a oitava economia do mundo, demostra até onde levou a política neoliberal de cortes nos orçamentos das verbas destinadas aos serviços públicos. A falta de uma infraestrutura hospitalar, de equipamentos e leitos, bem como de profissionais de saúde em um dos principais países da Europa ( estima-se o déficit de 55 mil profissionais de saúde) revelou que mesmo com medidas restritivas a circulação, com confinamento quase que total da população, o vírus continua a se propagar, com aumento de novos casos de infectados e de mortes entre os doentes.
Em marcha uma catástrofe sanitária ainda maior no Brasil. O ministro da saúde declarou que o sistema de saúde não está minimamente preparado para dar conta do aumento da demanda com a propagação do coronavírus, e estima-se que no fim de abril o sistema de saúde entrará em colapso. Por sua vez, o relatório preparado pela Abin, divulgado pelo Intercept revelou que já na próxima semana ( inicio de abril), mesmo com a epidemia longe de atingi o seu pico, o sistema de saúde já entrará em crise.
Atuação extremamente precária dos governos diante da crise sanitária e econômica, com distribuição de recursos para os capitalistas, e sem nenhum plano coerente de combate ao coronavírus revela que apenas indicar que as pessoas fiquem em casa não de forma alguma conseguira deter a expansão do coronavírus.
No Brasil, o golpe de estado de 2016 e suas medidas de “austeridade” com a retirada dos recursos para saúde pública deixou o povo brasileiro completamente indefeso diante da pandemia do coronavírus. Além do mais, Bolsonaro que destruiu junto com o congresso nacional e os governadores a aposentadoria pública, que desmantelou no ano passado programas como o Mais Médicos e a Farmácia Popular representa mais fator de risco para a população.
O confinamento é uma medida precária, pois o vírus continua propagando. A questão do teste é exemplo contundente de que é preciso o estabelecimento de medidas complementares para relativo controle do coronavirus. Na verdade, a ausência de testes é revelador da demagogia tanto de Bolsonaro( que na prática não propõe nenhuma medida) como dos governadores( que apresentam quase que exclusivamente a mensagem fiquem em casa) diante da propagação do vírus, pois uma medida elementar para evitar a expansão da epidemia, como a realização de testes para uma identificação dos infectados não é adotada amplamente, sendo anunciada mas não realizada.
A trajetória ascendente da contaminação da população pelo coronavírus coloca a necessidade de um programa emergencial, que tenha como eixo a defesa do direito à vida para a população. É preciso a intervenção do Estado para assegurar as condições de atendimento sanitário para os trabalhadores, para isso é preciso expropriar os capitalistas e garantir recursos financeiros para capacitar o SUS e os sistemas de saúde completar, bem como a construção de novos hospitais, compra de equipamentos e medicamentos, contratação de novos profissionais de saúde.