Em um recente post no twitter a UJS (União da Juventude Socialista, do PCdoB) afirmou que 28% da população brasileira não está cumprindo a quarentena, explicando que é muito importante que a maior parte do povo não saia de casa para não sobrecarregar o SUS e conclamou uma de suas principais palavras de ordem o “fique em casa”. Assim ao invés de atacar o governo golpista de Bolsonaro e dos governadores que não dá as mínimas condições para que o povo se proteja do covid-19 a organização coloca a responsabilidade nas costas do próprio povo que estaria saindo de casa sem motivo acarretando na piora da pandemia.
Essa política é mais uma das evidências do caráter pequeno burguês tomado pela UJS já que ficar em casa somente é possível para algumas camadas da classe média e da burguesia brasileira enquanto a maior parte da população não tem como sobreviver sem sair de casa para trabalhar, a própria estatística apresentada é duvidosa visto que em SP dados indicam que 50% apenas estaria fazendo quarentena, o que ainda pode estar subnotificado. Isso demonstra o quão desconectada do povo está essa organização e o quão alinhada com a burguesia que, desde o início da pandemia de covid-19, definiu como sua política apenas a quarentena parcial.
Enquanto isso o governo se recusa a investir no SUS, a realizar um plano nacional de emergência com a estatização de fábricas ligadas ao setor da saúde e a distribuição gratuita de máscaras, álcool e outros materiais, não aplica um plano de proibição das cobranças de contas de água, luz e gás, não cancela a cobrança de aluguel e dos despejo e se recusa completamente a fazer os testes que são de acordo com a própria OMS a medida mais importante para lidar com pandemia. Ou seja, o governo torna impossível para a classe trabalhadora não sair de casa, não só isso como ao mesmo tempo que cede 600 reais por adulto, um valor irrisório, corta cada vez mais direitos trabalhistas deixando todos com enorme medo do desemprego, também obriga funcionários de estatais ou empresas ligadas ao estado a trabalhar, como é o caso dos correios e do metrô de São Paulo, decreta como trabalho essencial setores como mineração e telemarketing e ainda permite o corte de 50% dos salários dos trabalhadores, dentre outros ataques.
A UJS que dirige a UNE (União Nacional dos Estudantes), uma mais mais importantes organizações populares do Brasil, ao manter essa política reacionária de frente ampla com a burguesia impede o desenvolvimento da luta popular. No momento o setor mais apto a se mobilizar na sociedade que são os jovens, menos vulneráveis a doença, tem suas energias canalizadas para panelaços, “tuitaços” e petições online que, além de inócuos, não apresentam a política certa de pautar um programa real frente a crise econômica e a pandemia e a derrubada do governo ilegítimo de Bolsonaro, para derrotar o golpe de uma vez por todas.
Ao apoiar a política de “fique em casa”, enquanto na realidade o isolamento não existe no país, a UJS adota um política a reboque da burguesia. A única forma de garantir que a quarentena exista para a maior parte dos trabalhadores e que os que continuam trabalhando tenham equipamentos de proteção é rompendo com a burguesia e formando um bloco de oposição contra governo não só de estudantes como também de trabalhadores da cidade e do campo. Só assim será possível garantir que o povo não seja massacrado pela pandemia e pela gigantesca crise econômica que estão apenas começando.