Recentemente, a situação política na Bielorrúsia passou a ser acompanhada em todo o mundo. Aleksandr Lukashenko, que já presidia o país há mais de duas décadas, foi reeleito com ampla vantagem, mas o resultado foi contestado pela oposição. Pouco tempo depois, vários protestos começaram a acontecer na Bielorrúsia, e o governo, por sua vez, decidiu reagir e reprimir os manifestantes.
A imprensa burguesa decidiu, desde o início, apoiar as manifestações. Na esquerda pequeno-burguesa, encontramos as mais variadas posições, algumas bastante próximas da imprensa burguesa, apoiando a derrubada de Lukashenko, outras que procuram ficar em cima do muro, alegando que as contradições do governo seriam motivos suficientes para legitimar os protestos, mesmo que o imperialismo estivesse financiando os manifestantes.
Um exemplo desse tipo de posição podemos encontrar no texto “Movimentos contestatórios na Bielorrússia”, assinado por Pedro Bogossian Porto e publicado pelo portal Brasil 247 no dia 27 de agosto. Após analisar a situação no país, Porto conclui que:
“A situação da Bielorrússia é efetivamente delicada. Se, por um lado, os protestos têm sido estimulados por grupos ocidentais para desestabilizar um importante aliado russo, por outro não se pode ignorar a natureza imperialista da presença russa na região, que limita o desenvolvimento e a autonomia dos países em sua área de influência. Mais importante, porém, é necessário reconhecer a legitimidade dos movimentos de rua, que reivindicam a consolidação dos direitos civis e políticos da população. Isso significa, certamente, garantir o respeito às liberdades fundamentais, mas passa também pela implementação de um sistema eleitoral (e político) mais transparente, cujos resultados reflitam o real interesse dos cidadãos. Nesse cenário, são auspiciosos os movimentos que vêm sendo feitos para buscar a mediação internacional e resolver pacificamente os conflitos, que já duram mais de duas semanas”.
Certamente, o fato de a Bielorrúsia não ser um país tradicionalmente analisado pela esquerda brasileira, uma vez que tem um papel secundário na política mundial, faz com que a análise exija bastante prudência. No entanto, uma onda de manifestações não pode ser apoiada simplesmente porque se trata de uma série de protestos. É preciso analisar, acima de tudo, os interesses que estão em jogo. E, no caso da Bielorrúsia, isto está bastante claro: o país é fortemente baseado na economia estatal, sendo objetivo do imperialismo destrui-lo.