Presidente do PT Recife, Cirilo Mota, declarou-se contra “candidatura própria” para derrotar Bolsonaro nas eleições. Segundo ele, o lançamento de “uma candidatura própria no Recife em 2020 não traz benefício nenhum para o para o partido e principalmente para a luta central; derrotar Bolsonaro. Joga o partido no isolamento. Impede de negociarmos eleições importantes para o PT em várias cidades do Estado com a Frente Popular. Divide às forças anti-bolsonaro”.
Com isso, fica claro qual é a política da ala direita do PT: submeter um dos maiores partidos do Brasil a partidos da burguesia golpista. Desta forma, o PT não lança candidatura própria e em troca receberia apoio de partidos de direita, como o PSB, o PDT e outros partidos do tipo.
O problema é que, comparados ao PT, nenhum destes partidos têm apoio popular. E, portanto, o “apoio” destes partidos ao partido de esquerda não tem nenhum objetivo prático. Do ponto de vista da luta dos trabalhadores, é errado. Primeiro, pois é um método que submete a luta dos trabalhadores às eleições e não o contrário. Desta forma, durante as eleições, as reivindicações operárias são esquecidas em nome do “pragmatismo” eleitoral.
Submete, também, o próprio partido de esquerda à partidos que nada tem a ver com a luta dos trabalhadores. Desta forma, como ocorreu nas eleições de 2018, o PT deverá abrir mão de reivindicações históricas dos oprimidos para agradar os “aliados”. No caso, em 2018, Haddad e Manuela D’Ávila pararam de defender o direito ao aborto, reivindicação histórica das mulheres.
Além disso, os “aliados” da burguesia são todos amigos da onça. A burguesia tem objetivos claros, um deles é manter o poder. Desta forma, muitos dos partidos que aparecem como “aliados” em uma frente popular atuam como verdadeiros sabotadores da campanha. Nesse sentido, a frente eleitoral também é uma estratégia errada do ponto de vista eleitoral. Muitas vezes, o que acontece é que partidos que não têm nenhuma popularidade se elegem às custas dos partidos de esquerda, enquanto que a esquerda é duramente sabotada pelos “aliados”.
O verdadeiro sentido da Frente Ampla então é justamente submeter os partidos da ala esquerda da Frente à ala direita da mesma. Enquanto que a direita manda, a esquerda obedece e é sabotada por ela. É isso o que ocorre na prática: uma submissão da luta dos trabalhadores aos interesses da burguesia.