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Eleições

PSTU também quer administrar o Estado burguês

O PSTU alimenta a ilusão de que é possível uma mudança efetiva através das eleições

A noção de que é possível produzir mudanças substanciais através do processo controlado das eleições é a mentira conveniente que os políticos e partidos reformistas professam com grande entusiasmo. Se, quando a burguesia encurralada pelo perigo de revoluções e tendo ainda muita “gordura para queimar” após o colapso econômico de 1929 e especialmente no período pós II Guerra, nos chamados “anos dourados”, ainda permitiu concessões importantes, agora, com a exacerbação das políticas neoliberais, a busca insistente por cargos públicos, através de eleições manipuladas, é uma perigosa e improdutiva ilusão.

Nas eleições municipais de 2020, o controle e caráter ainda mais antidemocrático é mais intenso, mesmo assim, partidos como o PT, PCdoB e PSOL mergulham de cabeça na busca alucinada por um lugar ao sol, prometendo mundos e fundos para os eleitores.

Entretanto, mesmo não tendo absolutamente a mais remota chance de conquistar alguma prefeitura, provavelmente nem mesmo um vereador em todo o país, o PSTU, um dos partidos que mais perdeu filiados no país nos últimos anos, tem feito uma campanha de promessas, tendo como eixo a noção de que o PSTU poderia fazer isso ou aquilo, caso pudesse ser eleito para governar em qualquer lugar do país.

Na matéria publicada no site do PSTU, de título “Como seria uma prefeitura governada pelo PSTU?”, assinada por Bernardo Cerdeira, é apresentada uma suposição de como seria a administração de uma prefeitura pelo PSTU. O texto começa por criticar os outros partidos de esquerda que participam da eleição, e segundo o PSTU cometeriam o erro de fazer aliança com a burguesia.

“Desde que o PT, o PCdoB e outros partidos de “esquerda” começaram a ganhar eleições para prefeituras, governos estaduais e, principalmente, depois dos 13 anos em que o PT governou o país, esses partidos difundiram a ideia de que a classe trabalhadora não tem condições de conquistar o poder em um horizonte próximo porque o capitalismo é imbatível. Segundo essa visão, o que restaria aos partidos de “esquerda”, seria governar dentro das regras do sistema capitalista. Esses governos procurariam, então, administrar o Estado burguês, respeitando e fortalecendo suas instituições e gerindo da melhor forma o capitalismo em crise; procurando, assim, amenizar suas contradições e aplicar medidas para “humanizá-lo”.“ ( site pstu)

Naturalmente que o PSTU não iria publicar um parecer favorável ao PT e ao PCdoB; afinal, chegaram ao ponto de fazer uma aliança informal com direita golpista pela derrubada do governo da presidência de Dilma Rousseff, levando a “contestação” do PT ao paradoxismo de apoiar o golpe da direita.

Entretanto, a crítica ao reformismo do PT e PCdoB pelo PSTU não somente é superficial e inconsistente como é até mesmo embelezadora, pois para os morenistas o erro do PT seria em relação ao regime capitalista e à tentativa de “amenizar suas contradições e aplicar medidas para humanizá-lo”. Na verdade, não se trata disso, o problema do reformismo é administrar o capitalismo, e fazer um governo com uma fachada de esquerda, mas que no fundo representa uma profunda aliança com os capitalistas (muitas vezes com os opositores formais”) para a manutenção da dominação burguesa no essencial, especialmente da propriedade privada e os interesses das diferentes frações do capital.

De qualquer forma, qual seria a diferença portanto do PSTU em relação aos demais partidos? O articulista do PSTU faz a pergunta. Seria pertinente almejar a administração de uma prefeitura no regime político burguês.

“se o PSTU rejeita a ideia de fazer alianças com a burguesia e gerir o Estado burguês nacional, isso quer dizer que rejeitaríamos a possibilidade dirigir uma administração municipal se fôssemos eleitos? O PSTU participa das eleições, mas não quer ganhar uma prefeitura?” (idem)

A maneira de perguntar já indica que o PSTU almeja a administração e que apesar de não ter condições de “ganhar” as eleições acredita que seria possível gerenciar uma prefeitura mesmo no capitalismo.

“Então, queremos sim, ganhar prefeituras e pensamos que elas podem servir como um ponto de apoio para a luta mais geral dos trabalhadores contra esse Estado capitalista. “ (idem)

No restante do texto, o PSTU cita Trótski e fala que uma prefeitura dirigida pelos morenistas seria um “ponto de apoio ao socialismo”. Em relação à citação de Trótski sobre o “governo operário”, é importante ressaltar que o PSTU usa o método stalinista em relação às citações de Lenin, retira do contexto concreto e usa como um argumento de autoridade para justificar uma política contrária ao que se apresenta.

De qualquer forma, o PSTU deixa fluir integralmente seu cretinismo eleitoral, usando uma linguagem aparentemente “revolucionária”, falando em socialismo, governo de trabalhadores etc. O curioso é que mesmo não tendo  a menor possibilidade de ganhar uma prefeitura, estando em frangalhos depois de perder mais da metade dos filiados por ter apoiado o golpe de 2016 e a prisão do ex-presidente Lula, o PSTU compartilha junto com a esquerda reformista e pequeno burguesa as ilusões com as eleições manipuladas pela burguesia.

Interessa notar que essa posição do PSTU expressa um seguidismo em relação à esquerda reformista e aos partidos burguesas, por isso, essa imaginação fértil em relação a “ conquista de prefeituras”. A política do PSTU de administrar as prefeituras no regime político burguês, enfeitando com frases revolucionárias é indicação de um profundo oportunismo político, e ao mesmo tempo representa uma visão completamente deformada do que seja o marxismo.

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