Em recente entrevista para a BBC, a presidenciável do PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados), Vera Lúcia, apresenta concepções típicas de quem esteve a favor do golpe de Estado o tempo todo.
A chamada da própria matéria denuncia: “Lula está colhendo o que plantou”. Por sinal, a pergunta apresentava o seguinte questionamento: a prisão de Lula é justa? Ao que a candidata do PSTU responde:
“Não saímos em defesa de Lula porque ele optou por governar com esses setores que estão enlameados na corrupção, e se lambuzou também. Então não é tarefa da classe trabalhadora, no nosso entendimento, ficar numa disputa de se Lula ficará livre ou na cadeia”.
Ou seja, o PSTU acredita que, sim, a prisão é justa, e, sim, eles vão defender o sistema penal caso existam “crimes”, mesmo que não provados, mesmo que apresentados como pretexto para perseguição política. É uma completa cegueira diante dos acontecimentos.
E não é só, o partido considera que a prisão de Lula não é parte de um golpe de Estado, e que o povo que está e esteve na rua contra o impeachment, contra a prisão de Lula, contra o golpe “não está preocupado, por exemplo, com os mais de 20 milhões de desempregados (e subempregados), com os 16 milhões que passam fome, com os mais de 6 milhões que não têm uma casa para morar”, ou seja, uma calúnia aberta contra os milhares de manifestantes que se mobilizaram contra o golpe de Estado.
E o PSTU é a favor, mesmo, da cadeia, do sistema penal. Vejam só essa explicação sobre a defesa da prisão do ex-presidente, que poderia ser muito bem um editorial do Estadão, moralista e golpista: “Lula fez uma escolha política ao longo da sua história. Que foi a de governar com o PMDB, com o PP, com todos os partidos que estão envolvidos em corrupção. Optou por ser financiado pelas empresas que estão envolvidas em corrupção. Optou por garantir que os contratos dentro da Petrobras fossem fraudulentos, para satisfazer essas empresas porque elas tinham garantido o financiamento de suas campanhas eleitorais. Então, na verdade, o Lula está colhendo o que ele plantou”.
Em primeiro lugar não existe crime contra Lula, não existe nada provado contra o ex-presidente. Quer dizer, a posição do PSTU sequer é democrática, que dirá, socialista. Defender o sistema penal está fora de questão de qualquer organização socialista. É defender a manutenção dos 750 mil presos brasileiros. Defender a prisão de Lula, é se juntar aos golpistas, à direita carcereira, aos abutres imperialistas.
E a candidata alega ainda “que o PSTU é o único partido revolucionário socialista”. Só que a revolução não deve passar na luta contra a direita, segundo o PSTU, mas em um acordo com ela, esperando ser “eleitos” nas eleições de 2018 controladas pela direita.
Sem ter uma crítica política a ser feita, ao ser questionada sobre o que pensa sobre Rui Costa Pimenta (presidente do PCO), ela responde: dispensa comentários.
O cartaz que a candidata ganhou na BBC, na verdade, tem a finalidade de confundir alguns poucos incautos, e tentar apresentar como uma posição esquerdista alguém que defenda a prisão de Lula, o golpe e suas medidas.
O PSTU, na verdade, está observando o golpe passar e espera que consiga (ele também, por que não) algumas migalhas da mesa eleitoral de Lula. Até aqui, nada de novo.