“Defender a Amazônia contra Bolsonaro”, mas sem derrubá-lo. Eis a política do PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado).
Quem acompanhou as manobras dos golpistas para derrubar o governo Dilma Roussef (PT), lembra-se que o PSTU naquela altura se juntou à direita na campanha pelo “Fora Dilma”.
Em matéria de 1 de julho de 2016, explicamos nesse Diário capitulação do PSTU diante da direita:
“Navegando pela internet, algumas pessoas encontraram na página do tradicional grupo fascista de São Paulo, os Carecas do ABC, um cartaz muito familiar. Tratava-se do cartaz do PSTU com a palavra de ordem de ‘Fora Todos!’, com as fotos de Dilma, Lula, Temer, Renan, Cunha e Aécio. O Carecas do ABC apenas tiveram o trabalho de mudar a cor – do vermelho para o azul – e acrescentar um punho com o sigma integralista, símbolo tradicional do fascismo brasileiro”.
Também está sendo denunciado na internet um vídeo feito pela golpista Folha de S. Paulo em que um líder do movimento pela intervenção militar elogia a posição do PSTU.
A associação do PSTU e da esquerda pequeno-burguesa, que negam a lutar e reconhecer que há uma golpe no País, com a extrema-direita não é novidade. Em várias ocasiões chamamos a atenção para a confluência das palavras de ordem de um e de outro. Durante as manifestações dos coxinhas pelo impeachment, esse mesmo cartaz do PSTU foi flagrado sendo usado no acampamento golpista erguido em frente à FIESP. Outro cartaz da esquerda pequeno-burguesa que foi encontrado ali e que já foi elogiado por movimentos de extrema direita e ultra-liberais, como o MBL, foi o do Movimento Negação da Negação, conhecido como Território Livre, com os dizeres ‘Fora Dilma, Temer é o próximo’.”
Fica Bolsonaro (fora ministros) vs Fora Bolsonaro (fora todos os golpistas)
Dada a crise do regime e o repúdio cada vez maior ao governo, vide última manifestação (13/08) ter tido como tema principal a derrubada de Bolsonaro, à revelia das direções – que tentaram fazer a manifestação ser apenas pela Educação. O “fica Bolsonaro” foi a política que a burguesia encontrou para se opor ao “fora Bolsonaro”, por isso cooptou setores da esquerda que não querem enfrentar os golpistas.
Como seria inviável para esses setores de esquerda utilizar explicitamente o “fica Bolsonaro”, sob o risco de uma crise generalizada, que traria muitos atritos com a sua própria base, surgiu a necessidade de camuflar sua política de capitulação e acordo com a burguesia em palavras de ordem que dessem a impressão de que esses setores lutam contra os ataques do governo golpista. Daí vem o Fora Salles, Fora Moro, Fora Guedes, Fora Weintraub, etc.
O PSTU, na época que Dilma estava para ser derrubada, adotou o “fora Dilma, fora Temer, fora todos eles”. Na época até Bolsonaro estava incluído.
Esse esforço da esquerda pequeno-burguesa para “consertar” o governo Bolsonaro só contribui para salvar o regime golpista. Está provado que tirar ministro não irá parar os ataques do governo. O direitista Ricardo Velez da Educação caiu, entrou o fascista Weintraub cortando 30% das verbas das universidades federais, condenando-as ao fechamento em setembro e mantendo um ataque gigantesco contra os estudantes. Por que com Salles seria diferente? Porque a esquerda conseguiria reciclar o lixo que é o governo? É preciso lutar pelo “Fora Bolsonaro”, derrubar o governo de conjunto e explicar para as pessoas interessadas na luta contra os golpistas que a diferença nas palavras de ordem não é apenas uma diferença de palavras, mas sim de política.