No dia 17 de janeiro, o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados (PSTU) publicou o artigo Fora nazismo da Cultura! Demissão já de Roberto Alvim!, expressando, mais uma vez, uma política completamente aberrante para a luta dos trabalhadores contra a extrema-direita nacional. O texto, curto, tem como centro a tese de que a esquerda deveria se mobilizar para exigir a saída de Roberto Alvim do governo Bolsonaro – o que implica, logicamente, em abrir mão de uma luta para tirar o próprio Bolsonaro do Palácio do Planalto.
Roberto Alvim – hoje ex-secretário da Cultura do governo Bolsonaro – foi alvo da imprensa burguesa e da imprensa independente ao longo da última semana. Alvim, que, como todos os demais membros do governo, é um típico fascista, havia publicado um vídeo em que imitava ninguém menos que Joseph Goebbels, responsável pela propaganda da Alemanha Nazista.
Não há dúvidas de que as declarações de Alvim representam mais uma ameaça a todo o povo brasileiro e expressaram aquilo que já era óbvio: o regime político está dominado por uma corja de extrema-direita, admiradora de regimes como o nazismo alemão e capaz de fazer qualquer coisa para impor o programa dos capitalistas por meio da violência. As declarações deveriam servir, portanto, para reforçar a necessidade de organizar um amplo movimento que varra a extrema-direita do país, um movimento que tenha como fim a derrubada do governo.
Essa não é, no entanto, a perspectiva levantada pelo PSTU. Assim atesta o artigo supracitado:
Roberto Alvim faz na Cultura o que os demais ministros fazem em todas as áreas do governo. Assim como imprime uma política de censura, obscurantismo e perseguição na Cultura, o governo Bolsonaro-Mourão destrói o que resta de direitos trabalhistas, acaba com a Previdência dos trabalhadores, persegue cientistas e ambientalistas, persegue indígenas em favor das grandes mineradoras e do agronegócio que avança sobre o meio ambiente e a Amazônia. Chega!
Roberto Alvim deve ser retirado imediatamente de seu cargo. Não podemos aceitar mais essa provocação. Fora ministro nazista da Cultura!
O que Roberto Alvim fez, embora revele sua simpatia com o nazismo, não é nada comparado ao que Bolsonaro já declarou e já realizou contra o país. O presidente ilegítimo já chegou a declarar que a ditadura militar de 1964-1985 torturou pouco, que seria necessário matar 30 mil pessoas e que iria acabar com o socialismo. Se um vídeo foi suficiente para que o PSTU defendesse a demissão de Alvim, não sobram motivos para exigir a queda do governo Bolsonaro como um todo.
Exigir a demissão do secretário do governo Bolsonaro não só é um desperdício de toda a revolta existente na sociedade contra um governo impopular e de extrema-direita, como é também uma política que leva, inevitavelmente, ao fortalecimento do próprio Bolsonaro. Roberto Alvim diante da repercussão negativa de suas declarações, ficou rapidamente desgastado. Removê-lo seria, portanto, uma operação que permitiria ao governo se livrar de uma crise.
O caso de Roberto Alvim não é excepcional, mas revela a continuação da política que vem sendo levada pelo PSTU e por outros setores da esquerda nacional: a política do fica Bolsonaro. Tal política se baseia na tese absurda de que seria melhor para o povo brasileiro evitar um choque direto com a extrema-direita nas ruas e combater a ofensiva da burguesia apenas nas eleições. Uma política, conforme a história já demonstrou, completamente desastrosa e que só leva ao fortalecimento da extrema-direita, que se utiliza das sucessivas capitulações da das direções da esquerda pequeno-burguesa para avançar no regime político.