O PSTU conseguiu pedir a saída do presidente! Mas não no Brasil. Aconteceu no Equador, onde o “PSTU” de lá, chamado MAS, seção equatoriana da LIT-QI (Liga Internacional dos Trabalhadores – Quarta Internacional) divulgou um texto sob o seguinte título: Equador: Fora Lenin Moreno e o FMI! Abaixo o decreto 883 que impõe o pacote! Ou seja, se o povo estiver para derrubar Bolsonaro no Brasil, com grandes mobilizações incendiárias espalhadas por todo o País, em um cenário de revolta generalizada, é possível que o PSTU, arrastado pela torrente da política nas ruas, levante, atrasado, a palavra de ordem Fora Bolsonaro! Ao menos no Equador os morenistas conseguiram levantar essa palavra de ordem.
Fora todos, mas nem todos
No Brasil ainda não é certo se o PSTU conseguiria levantar essa palavra de ordem, mesmo depois que todo o mundo já o tiver feito nas ruas. Até a chegada de Jair Bolsonaro à presidência, a política do PSTU consistia no “Fora todos!”, que serviu de pretexto para chamar o “fora Dilma!” em plena campanha golpista da direita, ao mesmo tempo em que o PSTU negava a existência de um golpe. Depois serviu para chamar o “fora Temer!” de maneira artificial e vazia, já que sem a denúncia do golpe essa reivindicação caía em um vazio.
Fica Bolsonaro
Se o PSTU se recusa a chamar o “fora Bolsonaro!”, assim como boa parte da esquerda hoje, na prática essa recusa leva a uma política de convivência e adaptação ao governo Bolsonaro, ou seja, ao “fica Bolsonaro!”, jamais explicitado, mas sempre presente nas reivindicações parciais e limitadas implicadas por essa posição. Para ilustrar esse problema, vejamos, por exemplo, o que o PSTU reivindicava em junho, quando a greve geral estava marcada para o dia 14. Em um editorial intitulado 14 de junho vamos parar o Brasil!, o PSTU se limitava a afirmar que era preciso “derrotar o plano econômico de Bolsonaro-Guedes-Mourão”.
Nem uma linha era dita sobre derrotar o governo. O PSTU argumentava que a popularidade de Bolsonaro estaria caindo, comprando a mentira da imprensa capitalista de que em algum momento esse governo foi de fato popular, farsa cuidadosamente fabricada pela burguesia para justificar a fraude eleitoral de 2018. O PSTU se limitava, como faz até hoje, a procurar assessorar o governo Bolsonaro dando conselhos sobre essa ou aquela determinada política econômica.
Na verdade também é fica Moreno!
Mesmo no caso do MAS equatoriano, porém, deve-se assinalar que o “fora Moreno!” deve ser olhado com cuidado. Ao final de seu manifesto, o “PSTU” do Equador pede, junto com o “fora Moreno!”, o “fora Correa!” Ou seja, atacam um elemento de polarização contra Moreno, confundindo o panorama. Na prática, acabam anulando a reivindicação de “fora Moreno!” com esse chamado de “fora Correa!”, justamente no momento em que correistas são perseguidos politicamente pelo governo Moreno, com o próprio Rafael Correa exilado na Bélgica sob ameaça de uma prisão política.
Eis aí uma indicação, vinda do Equador, de que o PSTU talvez não consiga dizer “fora Bolsonaro” nem para disfarçar, no momento em que o golpista esteja sendo arremessado pela janela do Palácio do Planalto. Completamente perdidos na situação, os morenistas do PSTU e do MAS não conseguem fazer mais do que assistir aos acontecimentos enquanto dão palpites errados, totalmente desconsiderados pelo movimento de luta dos trabalhadores.