Ultimamente o PSTU tem se pronunciado cada vez menos sobre os lances políticos do Brasil governado pelos golpistas. Dizer que não haveria um golpe teve o seu preço para os morenistas, que viram seu partido rachar. Em compensação, o encarregado das traduções no partido está tendo um pouco mais de trabalho, traduzindo os textos da LIT-QI, a “internacional” do PSTU. A seção da internacional do PSTU na Rússia publicou um parecer sobre Putin, reproduzido ontem (18) no sítio do partido, sob o seguinte título: A Rússia e o jogo de Vladimir Putin.
A conclusão do texto é bombástica: “Putin conseguiu converter a Rússia em um bastião da contrarrevolução, com significado não somente regional”. Isso porque Putin estaria refreando as “revoluções” na Síria e no Egito e impedindo que essas “revoluções” chegassem à própria Rússia. As medidas defensivas do governo russo contra o imperialismo seriam, na verdade, uma defesa contra a própria “revolução”.
Segundo o PSTU, “as agressões militares na Síria e Ucrânia e os grandes investimentos militares não são expressão de um avanço da burguesia russa, com ambições crescentes na arena mundial, nem tampouco uma manobra para negociar em melhores condições com o imperialismo. São uma reação defensiva de um regime autoritário em luta por sua sobrevivência. A revolução na Ucrânia ameaçava estender-se até Moscou, assim como a primavera Árabe ameaçava alastrar-se para o Cáucaso e outras regiões muçulmanas vizinhas à Rússia. Por isso Putin, para salvar sua pele, foi obrigado a agir, e duramente”.
Seja na Rússia, no Egito ou na Ucrânia, o que o PSTU confunde com a “revolução” é o próprio imperialismo. O mesmo imperialismo que organizou os nazistas na Ucrânia para realizarem protestos violentos e desestabilizarem o país a ponto de derrubar o presidente Viktor Yanukovich. O mesmo imperialismo que sufocou o povo egípcio com mais um golpe militar, saudado pelo PSTU como “grande vitória da mobilização do povo egípcio!” Do mesmo modo, a ofensiva imperialista na Síria, com as tentativas de derrubar o presidente Al Assad, é apresentada pelo PSTU como avanço da “revolução”.
Assim, chamando o imperialismo de “revolução”, o PSTU apoia a “revolução” no mundo inteiro, ou seja, apoia o imperialismo em cada novo golpe de estado e em cada campanha contra líderes nacionalistas burgueses, como o próprio Putin. É a mesma política desastrosa que o PSTU levou adiante no Brasil, apoiando a direita golpista enquanto apontava um inexistente ascenso da classe trabalhadora. Os retrocessos que o golpe impôs ao país provam o contrário todos os dias.
