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PSTU acusa o PT para esconder que eles mesmos contribuiram para a ascensão de Bolsonaro

Assim que foram divulgados os resultados das eleições presidenciais de 2014, o PSDB e consortes colocaram em pauta a derrubada do governo Dilma Rousseff, reeleita com mais de 54 milhões de votos. Através de toda sorte de expedientes e manipulações a direita colocou em marcha as engrenagens para dar um golpe de Estado.

As instituições cada vez mais controladas pelos golpistas como a Polícia Federal, o judiciário e o parlamento implementaram um processo fraudulento de impeachment para derrubar o governo eleito.

A  aprovação do impeachment teve a participação dos militares, que garantiram a quebra democrática e para criar uma aparência de ” apoio popular” foi montada uma estratégia  sórdida  de calunias orquestrada pela imprensa golpista ( usando como pretexto a suposta luta contra a ” corrupção”). Além disso, foram arquitetados  eventos de fachada, as ” manifestações pelo Fora Dilma, Fora PT”, as passeatas coxinhas e atos em verde e amarelo para criar uma aparência de que havia uma ” insatisfação popular” contra Dilma, como complemento eram divulgadas ” pesquisas de opiniões” que forjavam índices de rejeição recordes do governo eleito.

A imprensa capitalista vocalizava a interessada versão de que a derrubada de Dilma não era um golpe de Estado( afinal o “impeachment estava previsto na constituição” ) e que as manifestações forjadas indicavam que  ” povo não queria Dilma no governo”.

Nestas manifestações em 2015 e 2016, já  apareciam com bastante relevo, os grupos da extrema direita, que depois seriam a base do bolsonarismo. Desfilavam os coxinhas enfurecidos defendendo contra a ” política e os partidos”, pregando a volta da ditadura militar e atacando não somente o PT, mas a presidenta Dilma com uma insidiosa e venenosa campanha de ataques pessoais, com requintes de misógina, ( o adesivo com Dilma com pernas abertas para automóveis e os gritos histéricos e xingamentos na abertura da Copa do Mundo são alguns exemplos).

Agora, após a fraude que colocou Bolsonaro na Presidência da República, muita gente tem se perguntado de onde saiu essa verdadeira excrecência política? Como setores abertamente de extrema de direita, com um discurso  anticomunista, homofônico , racista e contra as mulheres conseguiu vencer nas ” eleições”. Quem são os responsáveis por esse retrocesso?

Embelezamento e legitimação de Bolsonaro pelo PSTU: a culpa é do PT

Na matéria A responsabilidade do PT na ascensão de Bolsonaro, o PSTU como o próprio titulo indica, aponta o dedo sujo( como demostraremos mais adiante), para o PT como responsável pela “ ascensão de Bolsonaro”. Como em outras oportunidades, o PSTU mais uma vez repete a cantilena anti-petista, no estilo bolsonarista, de que a culpa sempre é o PT, até mesmo pela “ ascensão de Bolsonaro”.

“No entanto, grande parte da surpreendente votação de Bolsonaro se deveu a um voto contra o PT, não só de parte da classe média conservadora, mas principalmente entre os trabalhadores que antes votavam nesse partido. Quem é responsável por esse sentimento? Em nossa opinião, é o próprio PT.” (www.pstu.org.br/a-responsabilidade-do-pt-na-ascensao-de-bolsonaro/)

É interessante notar que, ao responsabilizar o PT, pelo “ sentimento” que deu a “ surpreendente votação de Bolsonaro”, O PSTU não somente legitima a fabulosa fraude que garantiu a “ surpreendente votação de Bolsonaro”,  como mais que isso, ressalta que o “ voto anti PT” é culpa do PT e que não somente “ parte da classe média conservadora”, mas a própria  classe trabalhadora que antes era petista agora decepcionada com a falta de “ socialismo” no PT resolveu votar na extrema direita. Nem mesmo a imprensa capitalista na exaltação da vitória de Bolsonaro chegou ao ponto de afirmar que o problema é que a classe trabalhadora é anti petista e bolsonarista.

Assim, para o PSTU não foi a burguesia que patrocinou os grupos da extrema direita contra o PT. Não foi a imprensa que deu corda, que incentivou as manifestações e os “ sentimentos” anti-petistas, mas foi algo  mais “profundo” foi da “ ruptura” da classe trabalhadora com PT. “A ruptura de setores da classe trabalhadora com esse partido começou nas manifestações de 2013. (…) e “Essa ruptura se aprofundou com o estelionato eleitoral do segundo governo de Dilma Rousseff”.

 

Udenismo morenista: “Outro elemento fundamental foi o problema da corrupção.”

 

Para o PSTU, assim como para os bolsonaristas, que inclusive nomearam Sergio Moro como Ministro da Justiça, falta indicar algo fundamental para “ ruptura” com o PT e “ “ascensão de Bolsonaro”:  “Outro elemento fundamental foi o problema da corrupção.”

Veja o PSTU não critica o papel que cumpriu a campanha fraudulenta e sobretudo demagógica  da burguesia  em torno da corrupção para queda do PT, mas como os bolsonaristas agora e a velha UDN golpista do passado, ressalta que o “problema fundamental” é que o PT não é ético, pois pratica a corrupção, a passagem seguinte, deixa mais claro a adesão do PSTU à Lava Jato.

“Os aliados do PT eram e ainda são notórios corruptos, como Renan Calheiros, Eunício de Oliveira, Sérgio Cabral e José Sarney. A partir dessas alianças, o PT se envolveu profundamente nos esquemas de corrupção que existem no Estado brasileiro há décadas e se desprestigiou totalmente quando esses esquemas vieram à tona com a operação Lava Jato.”

Na matéria do PSTU apresenta toda uma série de “ argumentos” desconexos, como uma lista de supermercado, para comprovar que o PT é muito ruim, fez uma séria de coisas contra a classe trabalhadora, e que “ garantiu a impunidade” e através da “ cooptação “ das lideranças para o governo e  aparelhismo” das organizações das massas, aconteceu o apassivamento da “ classe trabalhadora”

“Por fim, promoveu um enorme retrocesso na organização da nossa classe, atrelando a CUT, o MST e a UNE ao governo, cooptando sindicalistas para serem ministros ou para milhares de postos de confiança e destinando parte do imposto sindical às centrais. O papel da maioria dos sindicatos – à exceção da CSP-Conlutas – passou a ser o de organizações domesticadas que defendiam as políticas do governo e não os interesses da classe trabalhadora.”

Observem que o texto é confuso e contraditório. Segundo a tese central do PSTU, a causa principal para o bolsonarismo foi a “ ruptura da classe trabalhadora” com o PT. Entretanto, o PT também é responsável pelo “retrocesso na organização da nossa classe”, através do atrelamento e da cooptação de sindicalistas para o governo ( ministros e postos de confianças). Assim, a classe trabalhadora rompe com o PT, mas devido a distribuição de propinas, cargos e outras regalias, o PT continua sendo o principal partido de massas e dirige a esmagadora maioria das entidades populares e sindicais do pais.

A explicação é tipicamente pequeno burguesa, somente restaram os “ verdadeiros sindicalistas honestos e revolucionários” na CSP- Conlutas, que não se deixaram cooptar nem se atrelar ao governo ou “ governismo” como eles diziam. O que o PSTU não consegue explicar é como as “ massas trabalhadoras” “romperam” com o PT, mas continuam vinculadas as organizações de massas dirigidas pelo PT e não seguiram nem os “ revolucionários” PSTU e nem “ lutadores” da CSP Conlutas preferindo segundo o próprio PSTU apoiar o Bolsonarismo.

voto de castigo pró bolsonaro

Para não sermos completamente injustos, o PSTU tem uma explicação para justificar por que o povo, em especial os trabalhadores abandonaram o PT e votaram em Bolsonaro. Foi o voto do castigo, ou seja os trabalhadores com o “ sentimento”  contra “ todos”  e “contra o PT” resolveu “ castigar” o PT votando  na extrema direita, que vai castigar os trabalhadores.

“A responsabilidade do PT é explícita: corrupção, traição, ataques à classe, identificação com o sistema político e confusão na consciência da classe sobre quem são seus inimigos. Não é de se admirar que os trabalhadores tenham votado com o sentimento de “contra tudo o que está aí”, incluindo o PT como parte desse todo, ou seja, como mais um partido burguês como os outros.”

A questão mais aberrante no embelezamento do Bolsonaro como novo campeão de votos junto ao povo no texto do PSTU é que as teses sobre a “ ruptura” da classe trabalhadora com o PT não somente são completamente fora da realidade concreta, como serve para mascarar o principal acontecimento da fraude eleitoral que garantiu “ surpreendente votação de Bolsonaro” : o impedimento e a prisão do ex-presidente Lula. Se a classe trabalhadora tivesse “ rompido” com o PT, como explicar que a burguesia através do judiciário, com a pressão dos militares impediu que Lula fosse candidato?

A direita cancelou mais 3 milhões de títulos eleitorais, apreendeu material de campanha do PT, impediu uma verdadeira campanha minimamente democrática e principalmente não permitiu que Lula pudesse não somente ser candidato, mas até mesmo dar entrevistas e participar da campanha eleitoral. Isso revela que a direita que deu o golpe, tinha consciência que a candidatura Lula colocaria em xeque os candidatos do golpe.

As eleições de 2018 somente teve uma “surpreendente votação de Bolsonaro” devido a ausência de Lula nas urnas. As eleições foram montadas tão somente para dar aparência de legitimidade popular para a fraude que escolheu o candidato do golpe. Sobre isso, o PSTU não fala em uma única linha, por que?

Pelo simples fato que o PSTU apoiou o golpe de Estado de 2016, fez uma frente única com a direita, inclusive com Bolsonaro para derrubar o governo Dilma. “Quem garantiu a  surpreendente votação de Bolsonaro” não foi o povo e muito menos os trabalhadores, mas foram os golpistas, através da imprensa, das manobras parlamentares, do judiciário que rasgou as garantias constitucionais, dos militares e em especial do imperialismo ianque.

O que os morenistas querem de maneira cínica e desajeitada ao culpar o PT pelo “ ascensão de Bolsonaro” é  de maneira grotesca esconder o que é bastante claro e evidente, a política do Fora Dilma e Fora Todos do PSTU contribuiu enormemente para “surpreendente votação de Bolsonaro”.

Durante o golpe, o PSTU negou de maneira obtusa contra todas as evidências que havia um golpe de Estado e portanto golpistas. Diante dos ataques crescente da extrema direita contra o povo, o PSTU faz questão de “ tranquilizar” todo mundo, que “ não havia ofensiva fascista” e “ onda conservadora”, tudo não passava de uma “ invenção dos governistas”. Isso significou um salvo conduto para a extrema direita, e um elemento de confusão política desarmando os trabalhadores contra Bolsonaro.

Um ponto chave para “surpreendente votação de Bolsonaro” foi a prisão de Lula, a mando do juiz Moro, em uma jogada premeditada para influenciar o resultado eleitoral em 2018. O PSTU, como vimos no texto atual, apoiou a Lava Jato, e defendeu no início do ano a prisão de Lula.

Neste sentido, não podemos ter dúvida do papel político que o PSTU vem cumprindo. O PSTU não somente  tem responsabilidade  na ascensão de Bolsonaro, na medida em que ocultou o golpe , fez uma frente única com os golpistas para derrubar Dilma, mas é um  cumplice direto dos golpistas e portanto de Bolsonaro quando defendeu a prisão de Lula, fator chave para a “surpreendente votação de Bolsonaro”.

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