Nesta matéria, discutiremos a posição política apresentada pela Executiva Nacional do Partido do Socialismo e Liberdade, o PSOL, em nota que “define eixos de ação para o segundo semestre”. Conforme veremos, embora apresente alguns elementos que são importantes para o movimento popular, como a questão da revogação das reformas aprovadas pelos golpistas, a nota do PSOL sequer aborda os três problemas mais importantes da luta política do Brasil de hoje: o problema da derrubada do governo, quer dizer, o “Fora Bolsonaro”, a liberdade para o ex-presidente Lula e a convocação de novas eleições.
A nota não só não propõe a derrubada do governo Bolsonaro como mostra que, para o partido, a solução é ajudar a escalar adequadamente a sua equipe ministerial. Assim, aparecem na nota as palavras de ordem de “Fora Salles” e “Fora Moro”, mas não o “Fora Bolsonaro”. Quer dizer, é uma tentativa de colocar Bolsonaro na linha, mas pela esquerda. Se até os grandes capitalistas, a grande imprensa direitista e as Forças Armadas têm dificuldades de controlar o homem, que provoca crises no governo dia sim e dia também, que esperanças teriam os deputados do PSOL, segurando seus imponentes “cartazinhos” de cartolina escritos à mão no Congresso Nacional? Também podemos reparar que não aparece o verdadeiro trava língua que é a palavra de ordem de “Fora Weintraubb”…
A nota também pede, conforme destacado àcima, o “Fora Moro”. Mesmo deixando de lado o fato de que boa parte do Partido apoiava a Lava Jato e a luta contra a corrupção até outro dia, é impressionante que, mesmo atacando Moro, não apareça a questão da liberdade de Lula. O aniversário da morte de Marielle é citado como ato de relevo, enquanto que todas as manifestações Lula Livre, não. Sendo que Lula é justamente o maior perseguido pela operação imperialista.
Outro aspecto que se destaca na nota é a presença, já no final do texto, da proposta de desarmamento e do controle de armas. Dizem os psolistas que “num país que mais de 60 mil pessoas morrem todos os anos vítimas de armas de fogo, não podemos permitir o retrocesso que pretende flexibilizar o Estatuto do Desarmamento.”. O partido só se esqueceu de explicar como o povo faria para desarmar a Polícia Militar, principal motor de toda a violência que ocorre em todo o Brasil. Outro ponto é que, embora seja possível compreender a mentalidade pacifista da esquerda pequeno-burguesa, chama atenção o fato de que, em plena crise política, onde a direita se prepara inclusive para lançar a cartada da intervenção militar mais aberta, que um partido de esquerda saia a campo para pregar o desarmamento do povo. Esta esquerda simplesmente não consegue entender que, para o movimento operário e popular, a única saída é a autodefesa, e que para isso é preciso se armar.
Finalmente, a nota também revela um ponto que é um dos debates mais importantes para a esquerda brasileira nos dias de hoje. Em nome da unidade, da ”defesa da soberania, dos direitos e da democracia”, o PSOL coloca explicitamente a necessidade da Frente Ampla. Quer dizer, seria uma frente que em tese seria uma defesa da democracia, mas que, assim como colocou Marcelo Freixo anteriormente, não reivindica o “Lula livre” por que não unifica. E que também não exige a única saída democrática atual, que é a derrubada deste governo de extrema-direita e a convocação de novas eleições. Seria um curioso caso de uma frente democrática que não é nada democrática.
