As campanhas eleitorais começaram. Em todo o país a busca ensandecida por “convencer” os eleitores e conseguir um espaço no legislativo municipal e nas prefeituras leva os partidos a buscarem financiamento de toda ordem (seja por “doações” registradas, seja pelo famoso caixa 2). Além disso, o que é marcante no sistema eleitoral é a constituição alianças e coligações entre partidos do mais variado espectro político, unindo muitas vezes “adversários” da extrema direita e mesmo da esquerda radical.
Setores da esquerda reformista, como o PT e o PCdoB, estão coligados em centenas de cidades do país com partidos da direita como MDB, DEM e PSDB, partidos que em 2016 deram o golpe de Estado. Trata-se da aplicação prática da política da “virada da página do golpe”.
O PSOL, partido representante da esquerda pequeno burguesa, que geralmente apresenta-se como uma espécie de “vestal” ou “radicais puros”, explorando eleitoralmente as alianças da esquerda reformista com a direita, nestas eleições além de defender a proposta de “frente ampla”, que significa subordinação aos políticos burgueses, decidiu, como se diz, colocar a mão na massa nas eleições municipais de 2020, e está coligado não somente a “centro esquerda” PDT, Rede e PSB, mas com partidos tradicionais da burguesia como PSDB, MDB e DEM, além do PSC, o ex- partido de Bolsonaro.
Em cidades nas mais diferentes regiões do país, Maués (AM), Tefé (AM), Caçapava do Sul (RS), Tomé Açu (PA), Limoeiro (PE), Patos (PB), Riachão do Jacuípe (BA), Serra Talhada (PE), Ubá (MG) e Arinos (MG), o PSOL está integrando chapas com partidos de direita.
Em Maués (AM), a coligação tem como candidato a prefeito Alfredo Almeida do PL, tendo como colegas de chapa partidos como PSDB, PP, Podemos, PMN, PRTB, DC, Avante, incluindo ainda PDT, PSB, PCdoB. O PSDB é o partido da burguesia que mais privatizou e atacou os trabalhadores.
A desculpa esfarrapada que a esquerda que coliga com a direita sempre apresenta é que foi uma “decisão local” e que “às vezes os políticos locais filiados aos partidos burgueses não são a mesma coisa que os dirigentes nacionais”. Trata-se evidentemente de uma completa falácia. O fato de um partido que se reivindica de esquerda fazer coligação em diversas cidades brasileiras com partidos de direita, demonstra que esse partido está completamente comprometido com as regras do jogo, e mais que isso, que na verdade integra (e busca integrar cada vez mais) o regime político.