No último dia 1º, o fascista Jair Bolsonaro completou seu primeiro ano à frente do mais importante país da América do Sul. Nesse período, Bolsonaro aprovou ataques violentos contra os trabalhadores, como no caso da reforma da Previdência, e ampliou enormemente a repressão contra o movimento popular. O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), por outro lado, colecionou, ao longo dos últimos doze meses, uma série de receitas fantasiosas para a situação política – todas elas, sem exceção alguma, se esquivavam de qualquer movimento pelo derrubada imediata do governo.
A mais nova demonstração da política confusa e inócua do PSOL ocorreu ontem (16), quando a legenda entrou com uma uma ação popular na Justiça do Distrito Federal solicitando a revogação imediata da nomeação do chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) Fabio Wajngarten e de seu Secretário Especial Adjunto, Samy Liberman. Segundo consta no próprio sítio do PSOL, a revogação basear-se-ia em uma reportagem do jornal golpista Folha de S. Paulo, que acusou o secretário de receber dinheiro de emissoras e agências contratadas pelo governo Bolsonaro:
Emissoras como Record e Band pagam pelo serviço de “Controle da Concorrência” à empresa do chefe da Secom. Ao mesmo tempo, viram seus valores recebidos por propagandas governamentais – definidos pela Secom – dispararem.
O caso é uma evidente afronta à Lei de Conflito de Interesses. A lei diz que integrantes da cúpula do governo são proibidos de manter negócios com pessoas físicas ou jurídicas que possam ser afetadas por suas decisões. A prática implica conflito de interesses e configura ato de improbidade administrativa.
Consertando um governo apodrecido
O pedido de revogação apresentado pelo PSOL mostra uma insistência por parte da esquerda pequeno-burguesa de trocar os membros do governo Bolsonaro, na esperança de que isso traria algum benefício para o país. Trata-se, obviamente, de uma política suicida.
A maior ameaça à toda população é o próprio Jair Bolsonaro – enquanto o governo estiver em suas mãos, a burguesia e a extrema-direita criarão as condições para continuar atacando os trabalhadores. Mesmo que a esquerda consiga, pressionando as instituições, remover um ou outro funcionário do governo, seria impensável crer que Bolsonaro colocaria, como substituto, alguém que atendesse as demandas da luta dos trabalhadores.
Os ataques de Bolsonaro contra o povo brasileiro não são resultado de uma má gestão ou de sua ignorância: são o resultado de uma política que tem como orientação o esmagamento da classe operária. Por isso, a única política viável para impedir os ataques da Secom ou de qualquer outra parte do governo é aquela que exige seu fim: o fora Bolsonaro.
Enquanto Bolsonaro for mantido no poder e partidos como o PSOL exigir que suas “peças podres” – isto é, aquelas que são alvos de setores poderosos da burguesia e/ou que estão desgastando a imagem do governo – sejam removidas, a única consequência possível é a de que a direita permanecerá no poder.
A luta da corrupção… sempre presente
O pedido de revogação também demonstra que o PSOL permanece encampando a luta contra a corrupção – um recurso da burguesia utilizado para promover todo tipo de ataque e de mudança no regime político. Após os escândalos causados pela divulgação das mensagens pelo portal The Intercept, os dirigentes do PSOL procuraram se mostrar críticos em relação à Lava Jato. No entanto, fica claro, mais uma vez, que o partido não abandonou, de forma alguma, essa bandeira.
A luta contra a corrupção não serve, em absolutamente nada, à esquerda e aos setores democráticos. Essa “luta” é sempre travada pelas instituições burguesas, e é, portanto, diretamente manipulada pela burguesia. Por um lado, as investigações contra a corrupção nunca facilitaram a vida da esquerda. Por outro, prenderam o maior líder popular do país, derrubaram uma presidenta eleita e pavimentaram a vitória eleitoral de Jair Bolsonaro.