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Enquanto o regime se fecha

PSOL quer debater com Weintraub

O ministro golpista Abraham Weintraub, que comanda a pasta do MEC, foi convocado pelo PSOL para dar explicações sobre as calúnias direcionadas às universidades.

Na última quarta-feira (4), o pedido do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) para que o ministro golpista Abraham Weintraub fosse convocado para dar explicações na Câmara dos Deputados foi aprovado na Comissão de Educação da casa. O PSOL havia entrado com o pedido no dia 26 de novembro, exigindo que o comandante do Ministério da Educação (MEC) explicasse suas declarações relacionando as universidades públicas à produção de drogas ilícitas.

Em entrevista publicada em novembro, Weintraub havia disparado uma série de ataques às universidades, que motivaram o pedido do PSOL. O ministro havia afirmado que as universidades eram “madrastas de doutrinação” e tinham “plantações extensivas de maconha” e “laboratórios de metanfetamina”. No pedido, o PSOL argumentou que seria “inconcebível e inaceitável que um Ministro de Estado se utilize do cargo para divulgar acusações infundadas”. Ao se dar conta da aprovação, o PSOL comemorou em suas redes sociais. Em sua página no Instagram, o partido publicou a seguinte mensagem:

Pedido do PSOL para convocar na Câmara o ministro da Educação, Abraham Weintraub, foi aprovado por 24 votos favoráveis e 8 contrários na comissão. Os parlamentares bolsonaristas tentaram obstruir o debate por mais de 3 horas, mas foram derrotados. Vamos ao debate!

Quem são os bolsonaristas?

Deputada Paula Belmonte (Cidadania-DF), vinculada ao governo Bolsonaro e até mesmo à formação do novo partido do presidente ilegítimo.

A mensagem do PSOL em comemoração à convocação de Weintraub alega que os bolsonaristas foram derrotados – isto é, que a votação que decidiu a convocação seria uma disputa entre bolsonaristas e não bolsonaristas. Nada poderia ser mais falso! Aqueles que se colocaram contra foram 8 deputados, sendo 4 do PSL, 2 do PP, 1 do PSD e 1 do Podemos. Os favoráveis, por outro lado, foram 24, sendo 8 do PT, 1 do PL, 5 do PSB, 1 do Podemos. 1 do DEM, 1 do PROS, 1 do Cidadania (antigo PHS), 2 do PDT, 1 do PCdoB, 1 do SD, 1 do PSOL e 1 do Novo.

Analisando o mapa da votação, fica claro, portanto, que a disputa que ocorreu entre a Comissão de Educação foi entre o PSL/PP e o centrão unido à esquerda. O centrão, no entanto, é tão bolsonarista quanto o PSL e o PP: partidos como o Podemos e o Cidadania apoiaram a candidatura de Jair Bolsonaro e dão sustentação ao governo para que a burguesia consiga aplicar o programa neoliberal no país. Além disso, partidos como o NOVO e o DEM, que também seguiram a proposta do PSOL, são escancaradamente de extrema-direita, tendo em suas fileiras fascistas como Ronaldo Caiado (DEM-GO) e Romeu Zema (NOVO-MG).

Muito diferentemente do que o PSOL procura mostrar, a mera convocação de Weintraub à Comissão de Educação à Câmara dos Deputados não foi o resultado de um duelo épico entre os bolsonaristas e a esquerda, mas sim o resultado de um acordo feito com o próprio regime político. Se o DEM, o NOVO e o Podemos – que se dividiu na votação – não viram qualquer problema em seguir a proposta do PSOL, então enviar Weintraub para a Câmara dos Deputados não consiste em nenhum grande avanço para a luta dos trabalhadores.

A política de enquadrar os partidos da burguesia como partidos contrários ao bolsonarismo, por outro lado, revela a confusão que o PSOL apresenta diante da situação política. Asim como no Equador e no Chile, o Brasil está sendo vítima de uma ofensiva brutal da burguesia, que quer, a todo custo, implantar uma política de devastação completa contra o povo. Por isso, a tarefa da esquerda neste momento deve ser a de organizar a luta dos trabalhadores contra os golpistas – é preciso, portanto, seguir o exemplo do povo chileno, que está há mais de 40 dias nas ruas exigindo a dissolução do regime.

Partidos como o Podemos, o DEM e o NOVO não são, portanto, aliados da esquerda nesta luta, uma vez que representam a burguesia e, portanto, serão os últimos a se voltarem contra o regime. Até mesmo partidos como o PSB e o PDT, por outro lado, embora procurem fazer alguma demagogia com a esquerda, são organizações que não buscam o rompimento com o regime. Prova disso é que, sempre que a direita pressiona para alcançar seus objetivos, esses partidos acabam capitulando e se alinhando aos interesses da burguesia, como aconteceu na votação da base de Alcântara e em tantos outros casos.

Vitória do diálogo?

Marcelo Freixo (PSOL-RJ), em vergonhosa entrevista com Janaína Paschoal (PSL-SP).

O fato de que o PSOL se alia a setores como o DEM para travar a luta política já é, em si, uma aberração. No entanto, o que a publicação do PSOL revela é que o partido estaria interessado em debater até mesmo com o governo Bolsonaro! Ou seja, todo o esforço para trazer o ministro golpista Abraham Weintraub para a Câmara dos Deputados, que incluiu alianças com todo tipo de agremiação, não foi feito para que o PSOL denunciasse a ação criminosa dos golpistas, mas sim para debater com um picareta que foi colocado no MEC para acabar com a educação pública…

Esse tipo de política, que é, na melhor das hipóteses, uma política de diálogo com a extrema-direita – quando não, uma política de escancarada colaboração – é inevitavelmente desastrosa para a esquerda e a população em geral. A política do diálogo já havia sido formulada de maneira mais detalhada pelo deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ), quando, ao participar de uma entrevista ao lado da fascista Janaína Paschoal (PSL-RJ), afirmou que era preciso acabar com a polarização política e promover o diálogo entre todos os setores da sociedade.

Não faz sentido algum se propor a dialogar com quem não quer nenhum tipo de diálogo. A burguesia golpista – essa composta pelo Podemos, DEM, Solidariedade e outros – não quis diálogo algum quando estava decidida em derrubar o governo de Dilma Rousseff. Eleita por mais de 54 milhões de votos, Dilma Rousseff não teve nenhum crime comprovado contra si e foi deposta por meio de uma operação escancarada golpista, suja, inconstitucional. A direita, no entanto, não quis dialogar – nenhum argumento foi capaz de barrar a ofensiva que estava sendo promovida pelo imperialismo.

Se assim é com os setores mais tradicionais da burguesia, que tentam se passar por democráticos, é óbvio que não há possibilidade de diálogo com a extrema-direita. O próprio Jair Bolsonaro já declarou que era preciso erradicar o socialismo do país e que seria preciso matar dezenas de milhares de pessoas. Para que vencesse as eleições de 2018, a extrema-direita organizou uma fraude que foi complementada com o terror nas ruas. Quem distribuísse um panfleto ou saísse de vermelho, corria o risco de ser agredido ou mesmo morto.

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