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Autodefesa da esquerda

PSOL não aprendeu nada com o caso Marielle Franco?

No caso dos atentados contra a covereadora Carolina Iara, o PSOL chama a polícia, não mobiliza a população e não organiza sua autodefesa, como no caso de Marielle

Na madrugada da última terça-feira (26), a covereadora do PSOL, Carolina Iara, sofreu um atentado violento. Segundo imagens de câmeras de segurança, um carro branco parou ao lado de sua casa e disparou dois tiros, que alvejaram as paredes. Nenhuma pessoa foi atingida. O atentado é uma demonstração do crescimento da extrema-direita e de sua disposição cada vez maior em atacar a esquerda por quaisquer meios necessários. Este atentado ocorre pouco mais de um mês após a vereadora do PT de Curitiba, Carol Dartora, ser ameaçada de morte.

A escolha do alvo demonstra uma importante característica dos fascistas em suas ofensivas: a covardia. Ao executarem seus ataques, escolhem um alvo de um setor mais fragilizado da sociedade. Carolina Iara é negra e travesti. Além disso, o ataque foi feito de forma anônima, enquanto todos dormiam. Os vizinhos de Iara confirmaram que os disparos foram ouvidos entre 2:07h e 2:10h da madrugada.

O ataque é mais uma prova de que a atividade parlamentar representa pouquíssima importância em um regime ditatorial como o que vivemos. Por mais que a vereadora da esquerda tenha sido eleita no processo eleitoral altamente manipulado pela burguesia, a extrema-direita não deixará de realizar seus ataques contra ela. A única verdadeira organização é a mobilização dos trabalhadores.

O que é realmente incômodo, no entanto, é ver a reação totalmente inócua do PSOL ao lidar com um ataque dessa magnitude contra um de seus parlamentares. Ao consultar a página do partido para poder ver o que está sendo feito a respeito, vê-se que a única medida mencionada é a elaboração de Boletim de Ocorrência junto à Delegacia de Proteção à Pessoa. Ou seja, mais uma vez, a esquerda pequeno-burguesa recorre à polícia fascista para protegê-los dos ataques de outros fascistas. Aparentemente, ainda não está claro para essa esquerda que as pessoas que realizam esse tipo de atentados são provenientes do próprio aparato repressivo do Estado.

Não há, da parte da Polícia, nenhum interesse em combater a extrema-direita, gestada em seu interior. Os ataques e atentados contra a esquerda têm grande apoio em meio a essa corporação, cuja principal função é assassinar e reprimir a população. É só se lembrar de diversos casos que botam esse fato em evidência. Um deles é a mulher que foi atacada por fascistas no sul e que desenharam suásticas em seu corpo com estilete, ao que a polícia respondeu acreditar que aquilo se tratava de um símbolo do hinduísmo, e não de obra de grupos nazistas.

É preciso lembrar, principalmente do caso de Marielle Franco. A vereador do PSOL do Rio de Janeiro foi assassinada há mais de dois anos, em uma situação em que a atuação das forças de repressão estava muito evidente. Desde então, algumas investigações foram feitas porque o caso ganhou repercussão nacional, devido à brutalidade com a qual foi executado o assassinato. No entanto, todas as investigações são totalmente inconclusivas. Até hoje, a polícia não explicou o real motivo do assassinato de Marielle. Isso sem falar em estripulias absurdas realizadas para que a investigação não foi concluída. Entre elas, há o caso de policiais que recolheram imagens de câmeras de segurança de um estabelecimento próximo ao local em que ocorreu a execução, para posteriormente afirmaram que haviam perdido essas imagens. Trata-se de uma mentira absurda. É evidente que as imagens incriminavam os policiais que realizaram o crime, mas que foram acobertados por sua corporação. Além desse fato, há diversos outros que denotam o tom farsesco dessa investigação policial. Marielle foi executada pelo aparato repressivo do Estado burguês e o seu caso nunca será esclarecido, porque a polícia não tem como incriminar a si mesma.

A lembrança do caso Marielle vem bem a propósito porque os mesmos erros que foram cometidos naquele momento estão sendo cometidos agora. Principalmente, a confiança na atuação da polícia e a ausência de mobilização popular para denunciar o ocorrido. Quando da ocasião da morte de Marielle, o PSOL permitiu que algo que poderia ter o potencial de gerar uma grande mobilização na classe trabalhadora e nos setores democráticos fosse sequestrado pela Rede Globo e pela imprensa capitalista de um modo geral, que utilizou o caso para fazer uma propaganda genérica pela “paz” e “não-violência”, e até pela própria intensificação da ação policial.

O resultado dessa abdicação da mobilização popular foi a utilização do fato com fins extremamente reacionários, o que, em partes, levou a esquerda à situação em que se encontra agora: as pessoas são atacadas pela extrema-direita na calada da noite, numa tentativa clara de intimidação dos setores ligados à luta popular. Caso tivesse havido uma mobilização e organização da autodefesa dos setores da esquerda já nos ataques anteriores (e particularmente no caso Marielle, que gerou muita indignação), muito provavelmente a extrema-direita não estaria tão à vontade no momento atual para continuar realizando atentados como o que houve com a covereadora do PSOL.

Nesse sentido, é totalmente errônea a ação de ir até a polícia pedir ajuda para enfrentar os ataques vindos da extrema-direita, através de boletins de ocorrência ou de requisição de investigações. A polícia é a extrema-direita e acoberta totalmente os atentados, isso quando ná dá total apoio a esses ataques. O que é preciso fazer é uma ampla mobilização da esquerda e dos setores mais avançados da classe trabalhadora que têm compreensão da necessidade desse tipo de atividade. Isso é particularmente verdadeiro para setores como mulheres, negros ou homossexuais, que são os mais oprimidos e mais desamparados da sociedade, sendo, dessa forma, alvos preferenciais dos fascistas. Todos esses setores precisam se organizar junto à classe trabalhadora, que é a classe revolucionária por excelência, e estruturar sua defesa com esses setores, além de procurar impulsionar a luta revolucionária, que é o único caminho pelo qual a extrema-direita e os fascistas serão totalmente derrotados.

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