No dia 10 de fevereiro, o Psol publicou em seu sítio na internet uma resolução política aprovada pela Executiva Nacional do partido com o título: “Um ano de Bolsonaro, um ano de resistência e luta!”.
Apesar da “resistência e da luta” contidas no título, a resolução reflete bem o que é o Psol e o que fez o Psol durante um ano de Bolsonaro: uma “resistência” inócua e a ausência de luta real contra o governo.
O conteúdo central do documento revela um partido que na realidade, como vem demonstrando na prática, não está disposto a lutar contra o golpe nem contra Jair Bolsonaro. Quando muito, o Psol apresenta um política de reformas desse regime golpista e do governo constituído por elementos da extrema-direita fascista.
A ausência de qualquer menção à necessidade de derrubar o governo Bolsonaro poderia ser alvo de críticas. De fato, como mostrou ao longo do ano, o Psol, assim como a maioria dos setores da esquerda pequeno-burguesa, se recusou a levantar a palavra de ordem de fora Bolsonaro, à revelia da necessidade do povo e à revelia da vontade cada vez mais candente das massas, que espontaneamente mostram seu repúdio ao governo Bolsonaro.
Mas o que chama atenção em decorrência dessa política é a completa adaptação do Psol ao regime golpista e até mesmo ao governo. A palavra de ordem levantada pela resolução que chega mais próximo ao embate com o governo é a defesa do fora Weintraub: “Participação ativa na campanha “Fora Weintraub” pela imediata demissão do Ministro da Educação”.
O Psol quer trocar de ministro da Educação, talvez porque acredite que tudo passa melhorar caso Bolsonaro coloque outro nome na Pasta. Além de ignorar que a política do atual ministro nada mais é do que a política do próprio Bolsonaro e de todo o golpe, o Psol parece acreditar que seria possível reformar um governo como o de Bolsonaro. A “resistência e luta” apresentada pelo Psol é na realidade uma completa adaptação ao governo e uma capitulação à política de devastação causada por Bolsonaro, um elemento fascista cercado por ministros igualmente fascistas.
E não é apenas na troca dos ministérios que o Psol quer reformar o governo. O documento defende a “Construção de um plano emergencial contra a crise econômica que tenha como centro, dentre outras medidas, uma reforma tributária que alivie a carga de impostos sobre os mais pobres e a classe média”. Diante da política brutal de corte de direitos dos trabalhadores, o Psol acredita que uma política institucional, uma reforma tributária votada pelo Congresso igualmente constituído por elementos da extrema-direita, poderia melhorar a vida dos brasileiros.
Essa política de capitulação é uma preparação para as eleições. O Psol, com suas pretensões eleitorais, precisa aparecer para a burguesia como um partido confiável, que pode ser traduzido também como “eleitoralmente viável”. Esse é o conteúdo central da política da esquerda pequeno-burguesa e por isso a recusa de lutar efetivamente contra o golpe e pelo fim desse governo. É a “resistência e luta”… por um cargo.