A ditadura militar, que durou mais de duas décadas e foi responsável por destruir uma quantidade imensa de organizações populares, operárias e de esquerda, era regida por um partido: a ARENA (Aliança Renovadora Nacional). Como oposição consentida, o MDB completava o regime, dando a este a estabilidade necessária para desferir os ataques aos trabalhadores.
Todos os outros partidos que pretenderam disputar o poder político dentro da ditadura foram caçados ou, simplesmente, tiveram seu direito de regularização negado. Afinal, uma ditadura pró-imperialista, que visava entregar o patrimônio nacional para os Estados Unidos, só pode suportar quem não ofereça perigo ao regime.
Atualmente, após o golpe de Estado de 2016, a possibilidade de um golpe militar ser dado no Brasil foi colocada na ordem do dia. A reação da população ao golpe já fez com que militares ameaçassem sistematicamente os setores democráticos do país. Na votação do Habeas Corpus do ex-presidente Lula, por exemplo, o comandante Villas Boas realizou uma verdadeiro golpe militar virtual.
Enquanto a crise dentro da burguesia se aprofunda, provocando uma crise até mesmo no STF, e o golpe militar ainda não é um consenso – embora seja sempre uma carta na manga -, alguns partidos já demonstraram interesse em ser os “ARENA” do futuro.
O PSL não teve escrúpulos em ceder a legenda para que Jair Bolsonaro, defensor da tortura e do fechamento do Congresso, se candidatasse à Presidência da República. O PDT, que se considera um partido “de esquerda”, rompeu de vez com qualquer tradição brizolista e votou a favor da intervenção militar no Rio de Janeiro. Recentemente, o PSDB deve lançar, no Ceará, um general como candidato a governador do Estado.
Pretendentes, a possível nova ditadura militar já tem. Basta escolher seu partido de estimação.