Nesta sexta-feira (9), o governador da Campânia, Vincenzo de Luca, afirmou que a Itália viverá meses mais difíceis daqueles vistos no começo do ano caso a tendência de crescimento de casos da covid-19 se mantenha no país.
O momento mais difícil da Covid-19 não ficou para trás, ele ainda está na nossa frente. Preparemo-nos para ter meses – se as tendências em curso se confirmarem – ainda mais pesados do que aqueles de janeiro a maio. Disse o governador da região cuja capital, Nápoles, é a maior e mais importante cidade da Itália meridional.
A região soma 16.464 contágios confirmados desde o início da pandemia, sendo que 5.109 foram registrados nos últimos 13 dias. Em 18 de maio, quando a Itália saiu do lockdown, a Campânia somava 4.695 casos e 399 óbitos – agora são 470 mortes na região.
Além disso, o governador colocou que, neste momento, teremos dois fatores agravantes que, no começo da crise, não estavam lá: a volta às aulas presenciais e a temporada da epidemia gripal. Ademais, em live, De Luca explicou que o objetivo para a epidemia na Itália é buscar um equilíbrio entre o número de pessoas infectadas e o número de pessoas curadas pela doença. Segundo ele, deve-se buscar algo entre 500 a 600 pessoas curadas para 700 novos casos.
Apesar do que é divulgado pela grande imprensa, a pandemia do novo coronavírus está longe de ser controlada e, como visto acima, a situação da Itália é uma ótima prova disso. No começo, foi a mais afetada pela doença, sendo exemplo para o resto do mundo de o que o coronavírus, nas mãos do neoliberalismo, pode fazer. Depois, passou por um período de relaxamento devido à diminuição no número de mortos e infectados .Todavia, seguindo a tendência europeia, participa da segunda onda pandêmica, retornando ao estágio em que se encontrava no começo do ano.
O que deve ficar claro é que esse crescimento observado na Itália não vem por falta de sorte dos italianos, mas sim pela ação direta dos grandes capitalistas. Afinal, o principal motivo pelo qual o isolamento social e a quarentena efetiva não são instituídos é a pressão exercida pela burguesia sobre os governos locais. Exemplo disso é a própria volta às aulas presenciais que, como já comprovado por diversos institutos e organizações, será responsável pela morte de centenas de milhares de pessoas e pelo agravamento generalizado da pandemia em escala mundial.
Na Espanha vemos a mesma coisa: a presidente da comunidade de Madrid, Isabel Díaz Ayuso, se recusou, frente à um aumento alarmante dos casos na cidade, a adotar medidas restritivas. Por conseguinte, a situação se agravou cada vez mais, a ponto de o próprio presidente da Espanha, Pedro Sánchez, intervir. Todavia, o Tribunal Superior de Justiça de Madrid, proibiu as medidas de Sánchez, colocando a situação no país em uma posição extremamente incerta e confusa.
No final, esperar que a situação mundial melhore nas mãos da burguesia é acreditar em mágica. Finalmente, sua administração serve inteiramente aos interesses do imperialismo que está unicamente interessado na manutenção do capitalismo e no aumento de suas próprias riquezas. Prova disso é que, em lugares como Cuba e Venezuela, a situação já está controlada sem grandes perdas. Nesse sentido, a única saída que se mostra a mais sustentável no que diz respeito ao número de pessoas que morrerão durante o processo é a própria tomada do poder pela classe operária. Caso contrário, não podemos prever o estrago que será feito à humanidade pela negligência do grande capital.