A maior crise da histórica do capitalismo – turbinada pela pandemia do coronavírus – tem sido um terreno propício para revoltas populares. O assassinato do afro-americano George Floyd por um policial branco na semana passada é a fagulha.
A Europa, continente que representa todas as contradições e extremos do capitalismo em decomposição, foi varrida nesse último domingo, 7/6, por manifestações massivas e que evoluíram para uma maior radicalização, qualitativamente falando.
A capital da União Europeia, Bruxelas, reuniu cerca de 10.000 pessoas. Conflitos com a polícia ocorreram em Matonge, bairro tradicional de comunidade africana.
No Reino Unido, sem dar a mínima para a proibição das autoridades, milhares de britânicos manifestaram-se em Londres pelo segundo dia consecutivo, além de em outras localidades. Em Bristol, no sudoeste da Inglaterra, a estátua de 120 anos do comerciante de escravos Edward Colston foi arrancada do pedestal, pisoteada e lançada ao rio pelos manifestantes. As autoridades condenaram o “vandalismo”, o que obviamente não incomodou em nada os manifestantes. Até o descendente de Colston, segundo o canal de notícias burguês CNN, teria dito: “tudo bem”.
Um dia antes, em Londres, houve confrontos entre manifestantes e policiais. Na França mais de 20.000 pessoas se manifestaram. A Alemanha também reuniu multidões. Copenhague, Budapeste, Madri, Barcelona e Roma também tiveram manifestações reunindo de centenas a milhares de pessoas.
A organização Comunidade Negra, Africana e Afrodescendente na Espanha (CNAAE) convocou manifestações em dez cidades espanholas: de Pamplona, no Norte, até o arquipélago das Canárias, na costa oeste da África.
A Europa reúne uma riqueza imensa, fruto de todo o desenvolvimento acumulado das forças produtivas, da pilhagem imperialista e da escravidão – a assalariada de hoje ou aquela que existia nas colônias -, e ao mesmo tempo, possui áreas extremamente pobres onde vivem parcelas da população cujas condições de vida estão muito abaixo do resto da população. E isso ocorre nas maiores economias do bloco, como Alemanha, França e Reino Unido. Essa população marginalizada é quase sempre nascida na Europa mas descendente de imigrantes vindos da África, Ásia e América Latina, o que faz com que a desigualdade social na Europa tenha um forte teor de racismo. Combinação mais explosiva para levantes populares não há, e assim deve ocorrer cada vez mais, já que a burguesia europeia e seus governos não tem conseguido dar conta nem da crise econômica nem da pandemia do Covid-19.