Da redação – Começou ontem (23) a 61ª edição do Festival Internacional de Música de Viña del Mar, cidade litorânea do Chile. No entanto, as atrações não foram as bandas e músicas, e sim os violentos protestos da população contra o governo neoliberal de extrema-direita do presidente Sebastián Piñera.
Foram reportados diversos incidentes, dentre os quais o ataque de manifestantes encapuzados ao Hotel O’Higgins, o que fez com que os hóspedes e funcionários saíssem correndo em debandada para longe do local. O prédio da Prefeitura, uma sucursal do Banco do Chile, o terminal de ônibus e vários comércios também sofreram com a onda de indignação popular causada pelas políticas de destruição da vida do povo chileno levadas a cabo por Piñera e pelos sucessivos governos desde o início da ditadura fascista de Augusto Pinochet.
A repressão, entretanto, não tardou a chegar. Os Carabineros – polícia militar formada durante o regime pinochetista – dispararam bombas de gás lacrimogêneo e jatos de água contra os manifestantes.
Os protestos tiveram o apoio de artistas participantes do Festival, como o cantor portorriquenho Ricky Martin e o humorista chileno Stefan Kramer.
“Que se expressem, que exijam o básico: os direitos humanos. É básico, não pedimos nada. Eu estou contigo, Chile. No Chile e fora do Chile estarei contigo sempre”, declarou Martin durante um programa do canal TVN.
Já no primeiro dia de Festival houve muitos gritos contra Piñera por parte do público. O presidente chileno, que volta ao “trabalho” após três semanas de férias, disse que o mês de março será usado para fabricar acordos “para o bem do povo”, tentando manobrar para se livrar da insatisfação popular.
“O governo se preparou para resguardar a ordem pública e impulsionar um março de acordos, para aumentar as aposentadorias, criar o salário mínimo garantido e melhorar a saúde. Acordos e não violência é o caminho”, publicou Piñera em uma rede social.
O povo, no entanto, pede o Fora Piñera. Até mesmo as pesquisas mais manipuladas e favoráveis ao presidente direitista apontam que ele não tem apoio da população. Segundo levantamento da Public Square da Cadem, divulgado hoje (24), somente 12% dos chilenos dá algum tipo de aporte ao sucessor ideológico de Pinochet.
Infelizmente, porém, a esquerda chilena não entende os anseios do povo e não levantou em nenhum momento a questão do poder como luta fundamental, pedindo a derrubada do governo. Pelo contrário, aderiu às propostas da direita por um grande acordo nacional que leve para o ramo institucional as lutas de rua, a fim de desmobilizar os trabalhadores e manter Piñera e a direita no governo.