Sempre é inspirador quando vemos o surgimento de um jogador que honre a tradição dos craques brasileiros. Artur Victor Guimarães de 22 anos foi eleito o craque do Paulistão e do Interior pela votação promovida pela Federação Paulista de Futebol. Além disso, conseguiu liderar sua equipe para ganhar o Troféu do Interior sobre o Guarani e logicamente fazer parte da Seleção do campeonato paulista.
É um belo reconhecimento para este fortalezense revelado pelo Ceara e contratado pelo “Verdão” em 2016, mas sem conseguir espaço no time titular, foi emprestado em 2017 para Novorizontino para o Paulistão e para o Londrina para Série B e novamente em 2019 para o Bahia onde foi campeão estadual e disputou a série A, depois de ter feito parte do elenco palmeirense campeão brasileiro em 2018.
A dimensão deste reconhecimento é ainda maior quando vemos que ser escolhido como craque do campeonato pela federação paulista jogando por um time do interior sem ter chegado às semifinais do campeonato é algo inédito. Nem o elenco do Ituano campeão em 2014 ou o do Vice Campeão Audax conseguiu esta proeza. Como também fracassou o histórico elenco de 1990, vencedor da final caipira entre o Massa Bruta e Novorizontino.
Logo impressiona ainda mais que a votação dos técnicos e capitães dos 15 outros quinze times do campeonato para craque tenha sido para um jogador do time do interior superando os elencos do trio de Ferro . Qual seria a razão para que estes profissionais tenham reconhecido o talento de Artur? Uma hipótese que podemos formular é que estes profissionais estejam influenciados e estimulados pela campanha que a imprensa burguesa tem enaltecer a conversão do Bragantino em clube-empresa ao ser adquirido pela multinacional austríaca de bebidas energéticas.
Uma campanha fortalecida pelos dois projetos de leis que tramitam no Congresso Nacional, mais especificamente no Senado com poderosos lobbies e com apoio de vários dirigentes de clubes como o atual presidente do São Paulo, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, o atual presidente do Atlético Mineiro, Sérgio Sette Camarâ e o eterno presidente do Conselho deliberativo do Atlético Paranaense, Mario César Petraglia entre outros.
O discurso, sempre o mesmo, é que ao se tornar empresa o clube vai receber investimentos de grandes grupos internacionais o que parece ter acontecido com o Bragantino, ainda que abrindo mão do seu escudo, das suas cores e até do seu nome, e só faz um ano que a conversão foi realizada. Não se pode esquecer do desespero do Figueirense ano passado e do fim melancólico do Palmeiras-Parmalat e do Corinthians-MSI. O objetivo do clube-empresa é acabar com os clubes, com as torcidas organizadas, enfim, acabar com mais um dos patrimônios do povo brasileiro.