A crise econômica que vem junto com o problema da pandemia é uma das maiores preocupações da burguesia no momento. Não só pelos seus lucros, que ela está vendo caírem cada vez mais, mas também pela revolta social que ela pode gerar em setores da população que têm sua sobrevivência ameaçada pela retração da economia. Afinal, a burguesia é uma classe social muito minoritária e não teria capacidade de contar uma revolta generalizada da população.
Na cidade de São Paulo, essa preocupação se manifestou em dois documentos enviados pelos promotores Anna Trota Yaryd e Eduardo Ferreira Valerio à prefeitura, nos quais eles fazem referência aos “graves distúrbios” que podem vir a ocorrer por ocasião da crise econômica que vem causada pela pandemia e pela quarentena.
Os documentos, endereçados ao prefeito Bruno Covas e à secretária de assistência social Berenice Gianella, trazem recomendações como a distribuição de cesta básica ou de cartões de alimentação para aqueles que tiverem dificuldades financeiras na crise. Além disso, pede também a assinatura, pela prefeitura, de contratos com hotéis populares para abrigarem pessoas em situação de rua.
No último censo realizado na cidade, o número de pessoas que estavam morando em abrigos públicos ou na rua era de 24.344, um crescimento muito grande com relação à outra medição, de 2015, em que havia 15.905 nessa situação. É um indicativo do caos econômico em que o país foi mergulhado desde que houve o golpe de estado de 2016.
Isso sem falar no número de desempregados que aumentou em cerca de 1,2 milhão no país inteiro só no primeiro trimestre do ano de 2020. São 12,9 milhões de desempregados no Brasil, outro fator que pode levar uma parte da população ao desespero.
Os moradores de favelas em São Paulo chegam a mais de 2 milhões. São pessoas que não possuem uma casa estruturada o suficiente para fazer uma quarentena, morando em barracos que não têm nem água encanada e que são divididos entre até 7 pessoas. Sem contar que muitas vezes não receberam dos seus patrões o direito do isolamento social. Sendo obrigados a continuar trabalhando, mesmo diante do perigo da contaminação.
A situação atual carrega em si um potencial explosivo muito grande e a burguesia está de olho nisso. Apesar de toda a campanha de terror e repressão contra o povo, muitos setores já saem às ruas para protestar contra os ataques do governo e o caos gerado por sua política econômica.
Além disso, existe uma percepção muito grande por parte da população que as medidas do governo para enfrentarem a crise e o coronavírus são apenas para maquiar o cenário de caos e não representam nenhum alento para a classe trabalhadora. A esquerda e as lideranças dos movimentos populares devem aproveitar o momento político e dirigir a revolta da população contra aqueles que são seus algozes, a burguesia e a direita nacional. É o momento de pedir o Fora Bolsonaro e lutar por um programa que coloque a vida e as necessidades do povo em primeiro plano.