Após análise de profissionais contratados para atestar a estabilidade das estruturas das barragens, ficou confirmado que sete barragens não têm a estabilidade garantida. Deste total, três são destinadas a rejeitos industriais e as outras quatro para rejeitos da mineração. Por lei, toda empresa é obrigada a contratar engenheiros ou consultorias independentes para realizar esta verificação, mesmo que as barragens estejam inativas.
Além destas sete barragens sem garantia, outras quatro não tiveram a estabilidade das estruturas atestadas pelos consultores por falta de documentos e informações. As sete barragens sem garantia são: barragem Baia 1 (Congonhas), barragem B2 – Água Preta (Conselheiro Lafaiete), barragem Dique Couves (Itatiaiuçu), barragem do Gegraf (Itapecerica), barragem Biodgestor C (Ituiutaba), barragem Biodgestor D (Ituiutaba), barragem do Vigia (Ouro Preto).
O relatório de 2018 apresentado pela Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) de Minas Gerais confirmou a existência de 688 barragens de diversos tipos no estado de Minas no ano passado. Deste total, 416 são destinadas a rejeitos da mineração, assim como a barragem de Brumadinho que rompeu no dia 25 de janeiro e deixou centenas de pessoas desaparecidas e dezenas de mortos. De acordo com este relatório:
“O auditor, após os estudos geotécnicos, hidrológicos e hidráulicos, análises visuais, avaliações das condições de construção e/ou condições atuais das estruturas, não garante que as mesmas estejam seguras seja pelo ponto de vista da estabilidade física do maciço ou pelo ponto de vista da estabilidade hidráulica (passagem de cheias), portanto são estruturas que apresentam maior risco de rompimento, caso medidas preventivas e corretivas não sejam tomadas”.
Embora a secretaria do Meio Ambiente de Minas afirme que seja a responsável por aplicar multas contras as empresas e mineradoras que não seguem os prazos e as recomendações e por fiscalizar as barragens, afirma que o trabalho de fiscalização deve ser realizado pelo governo federal através da Agência Nacional de Mineração (ANM) , que é a responsável pela contratação dos profissionais que analisam as estruturas as barragens e garantem ou não se há estabilidade.
Este projeto de desastre evidencia que no capitalismo, especialmente em crise, as catástrofes são um programa deliberado. As mineradoras não querem gastar e começam a economizar para aumentar os lucros. Além desses sete casos em que ninguém garantiu a estabilidade, deve haver muitos outros em que a estabilidade é uma fraude. A vida das pessoas, o meio ambiente e o patrimônio cultural não entram na conta dos capitalistas sedentos por lucro. É um desastre social.