A imprensa burguesa se esforça para dar um tom de otimismo à política econômica devastadora que se pôs em marcha após o golpe.
Primeiro, os golpistas provocaram o caos econômico e político necessário para derrubar o governo Dilma Rousseff. O Partido dos Trabalhadores foi demonizado como nunca durante os anos de 2014 e 2015. A direita golpista, que já era ampla maioria no Congresso Nacional, trabalhou incansavelmente para sabotar o governo petista, produzir um PIB próximo a zero em 2014 e negativo em 2015. O golpe de 2016 manteve a redução do PIB, mas até então tudo era culpa da “herança maldita” deixada pelo PT.
Mas a cada ano que passa, fica mais difícil terceirizar a responsabilidade. As “projeções econômicas” continuam repetindo a mesma ladainha. Previsões pífias, na faixa de 1% de crescimento para o respectivo ano, e uma expectativa de crescimento na faixa de 3% para os anos seguintes. Mas essas previsões não se consolidam, e nos anos seguintes o crescimento continua irrisório. Foi assim em 2017 e 2018. Está sendo assim em 2019.
Recentemente, o ministro pinochetista-neoliberal Paulo Guedes declarou que o Brasil levará 20 anos para alcançar o desenvolvimento de países do Primeiro Mundo. A imprensa noticiou como algo bom, requentando a narrativa batida nos anos 80, de que o “Brasil é o país do futuro.” O Globo, em sua canalhice costumeira, impulsionou a fala do ministro nas redes sociais junto a um link de 2011, para fazer crer que o Brasil era o sexto PIB mundial, e havia ultrapassado o Reino Unido.
Ao invés disso, a verdade é que os golpistas conseguiram jogar o PIB Brasileiro para um crescimento abaixo da média mundial. Nada adianta dizer que o PIB “cresceu mais do que a Alemanha e a Inglaterra” para esconder que ficou abaixo do crescimento da Colômbia ou do Chile. São apenas formas de escamotear a realidade. Um fato que demonstra o pessimismo com a situação econômica nacional é a fuga massiva mas pouco anunciada do investimento estrangeiro – um reflexo de que o capital especulativo não encontra formas de realização na Economia do país.
O agravamento da crise política, que afeta não apenas o Brasil mas os vizinhos latino-americanos, levando ao esgotamento o sistema representativo parlamentar e o equilíbrio entre os poderes, também agrava as possibilidades de recuperação econômica, já que inviabiliza a administração da coisa pública.
O caos tem tomado conta das ruas de países importantes da América Latina, como Equador, Bolívia e Chile, que beiram a guerra civil. O risco de explosões como esta no Brasil não é pequeno e não deve ser negligenciado. É preciso a organização revolucionária que derrube o governo golpista sem alimentar esperança de conciliações de classe. Não há perspectiva de “retomada de crescimento” na atual crise do regime capitalista.