Desde 1° de janeiro passado passou a valer no município de São Paulo a Lei municipal nº 17.261, de 13 de janeiro de 2020 proíbe estabelecimentos comerciais de fornecer aos clientes “copos, pratos, talheres, agitadores para bebidas e varas para balões de plásticos descartáveis”. A medida vale para uma série de estabelecimentos hotéis, bares, restaurantes, padarias, espaços para festas infantis, clubes noturnos, salões de dança, entre outros, e uma medida tão absurda é obrigatório até em eventos culturais e esportivos.
A medida foi proposta pela direita paulista e tem como justificativa redução da produção de lixo, uso de materiais “adequados” ambientalmente, e também como uma medida de “educação” ambiental. Colocamos entre aspas os termos adequados e educação porque são absurdas e partem como uma medida de propaganda que não contribuem em nada para a qualidade de vida da população e muito menos para o meio ambiente.
Também é importante lembrar que essa lei ‘inspirou’ outra proibição absurda que é a utilização de canudinhos plásticos e que por mais absurda que pareça contou com o apoio de toda a esquerda pequeno burguesa paulistana. Isso porque desde 2015, os paulistanos estão proibidos de receber gratuitamente sacolinhas plásticas de supermercados e estabelecimentos comerciais para carregar suas compras e se estiverem interessados em carregar com sacolinhas tem que pagar para o estabelecimento. Talvez porque sacolas gratuitas provoquem poluição, já as mesmas sacolas sendo alas e gerando lucros para os supermercados não poluam.
A esquerda vive propagandeando uma direita ‘civilizada’
A medida foi proposta por elementos da direita paulistana. O vereador do Partido Verde, Xexéu Trípoli, propôs a proibição e está sendo parabenizado pela medida que supostamente ‘reduz’ o lixo na cidade de São Paulo. Esse vereador e outros elementos da direita paulista surfam na onda da demagogia para a população, em especial para a classe alta e média da cidade, e fazem suas carreiras políticas em torno da ‘redução’ do lixo, nas questões ambientais e nos direitos dos animais.
Esses partidos sempre são ligados aos elementos mais podres da política nacional como o PSDB, sendo seus anexos por anos e apoiando suas medidas de destruição total do Estado de São Paulo.
A direita fazer essa demagogia não tem nada de estranho, mas o que chama a atenção é a esquerda apoiar essas medidas de maneira incondicional. Desde a proposição dessas leis, passando pela votação, aprovação e implementação a esquerda não denuncia nem mesmo a demagogia da direita. Em vez disso vai a reboque e tenta tirar proveito dessa demagogia.
É mais um elemento de confusão política dos trabalhadores que odeiam a direita, mas ao mesmo tempo observam a esquerda elogiando e apoiando políticos da direita. Fato importante para a manutenção do PSDB comandando o estado de São Paulo e a capital.
Mais medidas ineficazes para esconder a total paralisia da prefeitura
A lei mencionada não passa de mais uma demagogia da direita, que visa responsabilizar a população pelos problemas ambientais causados pelo capitalismo. Além de não contar com o apoio das camadas mais populares da cidade, essas medidas são totalmente ineficazes para sua suposta justificativa. Não reduzem a quantidade de lixo, as cidades não ficam mais limpas e muito menos serve como ‘educação’ ambiental para a população porque são medidas impostas e que sempre vem com multas que enchem o caixa das prefeituras arrancando mais dinheiro da população e do comércio popular.
A prefeitura tucana de Bruno Covas, o mesmo que assinou a medida de proibição de produtos plásticos, cortou em 27,09% do orçamento para as 32 subprefeituras da cidade de São Paulo. Esse corte vai ser realizado principalmente na área de limpeza e manutenção das ruas da cidade, como o ‘Cata Bagulho’ que retira entulhos, além da redução da coleta de lixo no município.
A população de São Paulo vive com essas medidas há algum tempo como a proibição da lei da sacola plástica e dos canudinhos e não houve nenhuma melhora sequer da limpeza da cidade, de redução da produção de lixo, de lixões sobrecarregados e muito menos de melhora da qualidade de vida das pessoas. A única coisa que houve foi que os trabalhadores pagam mais pelas sacolas e os comerciantes recebem multas e enchem o caixa das prefeituras.
A culpa é da direita
A esquerda tem que denunciar que o problema não são os plásticos e que a população não deve ser responsabilizada e exposta a ainda maiores arbitrariedades por parte do poder público com a aplicação de multas. Os responsáveis pela crescente poluição e destruição dos recursos naturais são os governos neoliberais e as grandes empresas, e em São Paulo o PSDB e seus satélites, que agem à vontade em prol dos seus interesses econômicos e degradam o meio ambiente sem nenhum tipo de responsabilização perante a sociedade.
Proibição de copos, sacolas e canudos plásticos tem maior ligação com uma guerra entre setores da burguesia que criaram um nicho de mercado “sustentável” com produtos mais caros e com maior taxa de lucro para empresários que apesar do discurso não estão interessados no meio ambiente e sim no lucrativo mercado do politicamente correto que não muda em nada a situação atual.
A esquerda precisa em vez de apoiar, denunciar a demagogia da direita porque é a verdadeira culpada da destruição ambiental, da sujeira nas ruas da cidade, da situação dos lixões e da situação da população da cidade.
Estas medidas travestidas de discurso ambiental funcionam como meio para aumentar o poder repressivo estatal e fazer propaganda demagógica, enquanto os efeitos benéficos são mínimos ou nulos. É estranho que os mesmos políticos que apóiam o governo bolsonarista – que tem diminuído a fiscalização ambiental, facilitado a importação de agrotóxicos banidos em outros países, acabado com incentivos à agricultura familiar e assistido a desastres ambientais como Brumadinho sem mover uma palha – estejam realmente preocupados com o meio ambiente. Em São Paulo o caso do rio Tietê deixa ainda mais escancarado os argumentos colocados nesta matéria porque o PSDB está no governo há décadas e muitas gestões na capital, e o rio continua da mesma maneira: poluído e com um cheiro insuportável. Evidencia que o “combate” aos plásticos pela direita são medidas para criar mais mecanismos de repressão da população e de encher o caixa da prefeitura através de multas.