Em agosto deste ano o Conselho de Administração da Petrobras aprovou a venda total da participação da companhia na chamada BR Distribuidora. A fatia que ainda competia à Petrobrás era de 37,5% do capital social da empresa.
Em 2019, a Petrobras já havia vendido 30% das ações da BR Distribuidora. Desse modo a participação da estatal ficou menor do que 50%, o que configurou já naquela época a privatização da antiga subsidiária de venda de combustíveis.
A Petrobrás possuía uma política chamada “do poço ao posto” numa referencia ao trabalho desenvolvido pela companhia que ia desde a perfuração dos poços de petróleo em alto mar e em terra firme, passando pelo refino até a distribuição e comercialização final dos combustíveis com a marca Petrobrás nos postos licenciados.
Essa operação contou com a participação decisiva do Judiciário Golpista e de extrema-direita, uma vez que o STF autorizou que estatais se desfaçam de suas subsidiárias sem a necessidade de aprovação pelo Congresso Nacional.
Ocorre que agora, após a privatização completa da BR Distribuidora, a mesma acaba de informar que assinou contrato de compra de 70% de participação na empresa Targus Serviços de Energia.
A Targus possui sede em São Paulo – SP e o custo para sua compra foi de R$ 62,1 milhões. A partir de agora a BR Distribuidora, privatizada, passa a atuar no mercado livre de comercialização de energia elétrica em todo o território nacional.
Esta operação de compra previu o chamado “earn-out” que é uma parcela correspondente ao pagamento da parte do preço de aquisição de uma empresa e vinculada a uma compensação aos sócios vendedores em relação aos lucros futuros da companhia. Há ainda opções de compra e venda dos 30% restantes da Targus.
“Como resultado da aquisição, atuará na compra e venda de energia elétrica aos seus clientes, complementando seu portfólio atual de produtos, bem como poderá capturar novos clientes no mercado, oferecendo serviços de gestão no mercado livre e produtos de geração distribuída”, disse a BR.
Ao contrário do que ocorre no Mercado Regulado de Energia, onde o preço é determinado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e a cobrança é realizada pelas concessionárias ou distribuidoras de energia, no Mercado Livre de Energia o valor é definido pela própria geradora ou comercializadora.
O mercado livre, onde atuam as comercializadoras de energia, representa hoje pouco mais de 30% do consumo energético do país. Atrativo para as indústrias capitalistas, péssimo para o consumidor comum.
A fundação da Targus é recente, 2017. A empresa que faturou R$ 900 milhões em 2019 possui cerca de 200 unidades consumidoras em sua carteira de clientes que juntos adquiriram mais de 3,9 mil GigaWatts/hora (GWh) no mesmo ano.
Além disso, a Petrobras, antiga proprietária da BR Distribuidora, já anunciou um novo corte de 27% nos investimentos para o próximo período de cinco anos. Em novembro de 2019, a Petrobras tinha definido um investimento de 75,7 bilhões de dólares entre 2021 e 2024, valores que agora caem para 55 bilhões de dólares.
O plano, mais uma vez é a liquidação completa da companhia e sua venda para o capital estrangeiro, eliminando do mapa a política de soberania da Petrobrás. Quem pagará essa fatura gerida pelos golpistas serão mais uma vez os trabalhadores brasileiros.