Recentemente veio à tona na imprensa, novamente, uma polêmica em torno do Itaquerão, estádio do Corinthians, sobre os naming rights deste que podem estar prestes a serem vendidos. Muito do questionamento que rodeia esse problema reside na descaracterização que os estádios passam a ter em relação aos clubes. O exemplo mais famoso é o Parque Antártica, hoje chamado em larga escala como Allianz Parque.
Há o argumento recorrente de que a venda dos naming rights estaria acompanhada de uma grande compensação financeira ao clube, no entanto, alguns pontos são pouco explorados. O primeiro reside nos próprios valores dessa compensação, primeiramente trata-se do clube cuja torcida é a segunda maior do Brasil, com histórico recente de chegar às finais de grandes competições e que há anos já buscava vender esses naming rights. Ou seja, nos momentos em que o clube tinha mais interesse em negociar esses naming rights, quando o clube disputava títulos com maior frequência, ainda assim os capitalistas não tiveram interesse em cobrir a oferta do clube, no entanto em tempos de clubes em crise financeira em razão da COVID-19, os capitalistas enfim despertam interesse pelos naming rights do Itaquerão?
A venda dos naming rights do Parque Antártica se deu num momento dramático em que o Palmeira encontrava-se na série B, lugar onde jamais deveria ir, ou seja, num momento de fragilidade temporária do clube para se aproveitarem. Não há dúvidas de que assim como no cotidiano, a crise que a que o liberalismo trouxe, com aprofundamento pela COVID-19, será usada como oportunidade para capitalistas se apossarem de bens públicos ou populares a preço de banana.
Esses oportunistas devem ser banidos do futebol, que usam a vulnerabilidade temporária de grandes clubes para lucrarem. Os clubes e seus bens pertencem especialmente àqueles que os tornam grande, logo são dos seus torcedores.