A privatização dos serviços de saúde para os povos indígenas, que se materializa com a transferência dos atendimentos do Estado para Organizações Não-Governamentais (ONGs) ligadas aos empresários e igrejas, resulta em fraudes e péssimos serviços.
A ONG recordista no recebimento de recursos públicos por parte do governo Jair Bolsonaro (PSL), a Missão Evangélica Caiuá, ligada à Igreja Presbiteriana, que tem sede em Dourados (MS), é uma demonstração de como a privatização dos serviços de saúde indígena é uma fábrica de fraudes, enriquecimento e corrupção. A ONG mencionada é a que mais recebe recursos públicos – da ordem de R$ 1 bilhão – e é a que ostenta os piores índices de atendimento.
A condição dos postos de saúde em Dourados, localizada a 230 km da capital do Mato Grosso do Sul, Campo Grande, é precária para o atendimento dos 17 mi indígenas das etnias Terena, Kaiwoá e Guarani que vivem nesta região.
Apesar do volume de recursos públicos repassados às ONGs em contratos com o Estado, não há infraestrutura de atendimento adequada, os exames não são feitos ou quando são vêm com diagnósticos errados, faltam medicamentos e até transporte público. A maioria dos atendimentos deveriam ocorrer de forma domiciliar, mas faltam viaturas e combustível para as equipes se deslocarem.
Os serviços de saúde indígena devem ser de competência exclusiva do Estado e controlados pelos próprios povos indígenas, com apoio financeiro e de estrutura por parte do Estado, para com isso evitar fraudes e privatização.