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EUA

Prisão de Bannon não visa a conter o fascismo, mas a eleger Biden

Não há motivo algum para comemorar a prisão do ex-conselheiro de Donald Trump

A prisão do ex-conselheiro de Donald Trump, Steve Bannon, está se revelando mais uma oportunidade dos setores mais confusos da esquerda pequeno-burguesa internacional renovarem suas crenças na burguesia frente ao problema do fascismo. Essas crenças, que nada mais são do que a tentativa desesperada de estabelecer um caminho mais curto para a luta contra a extrema-direita, aparecem de maneira cristalina em artigo publicado pelo sítio do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e assinado por Edmilson Costa, dirigente máximo da organização.

O texto, de título, “A casa da extrema-direita mundial começa a cair”, começa com a tese de que a prisão de Steve Bannon “deixa claro que a extrema-direita mundial não passa de uma gangue de criminosos, corruptos e mafiosos que se utilizaram de todos os métodos sujos para alcançar o poder em várias partes do mundo”. Edmilson Costa ainda complementa dizendo que “Bannon foi preso como um ladrãozinho de segunda linha porque estava fraudando dinheiro de uma campanha de arrecadação de fundos para a construção do muro separando Estados Unidos do México”.

Não há qualquer dúvida de que Steve Bannon seja um delinquente político, um fascista, inimigo do povo norte-americano e dos trabalhadores de todo o mundo. Mas o que já chama a atenção aqui é a “comprovação” que o PCB apresenta: as maiores provas dos crimes de Bannon não seriam suas próprias declarações fascistas e os ataques do governo de Donald Trump, mas sim o fato de que foi preso. E o que seria a prisão? Simplesmente a expressão dos interesses de um determinado setor da burguesia. E, nesse caso, não qualquer setor, mas sim os mais importantes setores do imperialismo.

Assim como no Brasil, é a burguesia que controla todo o Poder Judiciário e a polícia. A prisão de Bannon, ainda mais nas vésperas das eleições, é, inclusive, uma prova do uso político das investigações. O imperialismo não quer reeleger Donald Trump, mas sim dar a vitória das eleições presidenciais para Joe Biden. Tanto é assim que o fascista George Bush, junto com centenas de ex-membros de seu governo, estão apoiando diretamente Biden. Tanto é assim que empresas como o Facebook estão sabotando abertamente Trump em favor do Partido Democrata.

As eleições norte-americanas, ao contrário do que a intelectualidade da pequena burguesia diz, é uma disputa entre dois predadores. E, em vários sentidos, Joe Biden é um predador mais perigoso que o próprio Trump, pois conta com o apoio dos setores mais belicosos do imperialismo e está ligado mais diretamente à política neoliberal. Essa análise, facilmente demonstrável pelos apoios citados e pela própria trajetória de Biden, vai de encontro as considerações do secretário-geral do PCB. Segundo ele, “tudo indica que Trump perderá a eleição nos Estados Unidos, o que, caso se confirme, deixará o bolsonarismo sem o porto seguro internacional para continuar aplicando a política de terra arrasada comandada por Paulo Guedes, que é uma espécie de fachada técnica dessa gangue internacional. A casa da extrema-direita está caindo e pode cair também no Brasil”.

Nada poderia estar mais equivocado! A identificação de Bolsonaro com Trump não é um fator determinante para o avanço da extrema-direita no Brasil. Na verdade, se Joe Biden vencer as eleições, o imperialismo conseguirá estabelecer um governo mais coeso do ponto de vista dos seus interesses e partirá, com maior agressividade, para uma pilhagem contra os povos dos países atrasados. Essa pilhagem só poderá ter como resultado o crescimento da extrema-direita, condição necessária da burguesia para conter a revolta popular. O dirigente do PCB omite que a derrota de Trump significa, nas atuais circunstâncias, obrigatoriamente a vitória de Biden, de maneira a tornar o argumento mais crível, mas não é possível caracterizar de outro modo: depositar qualquer esperança na candidatura de Joe Biden é um imenso desserviço aos trabalhadores de todo o mundo.

As teses apresentadas no artigo, muito mais do que uma profunda ignorância, refletem uma posição muito bem definida da pequena-burguesia diante do fascismo. Incapaz de tomar uma posição firme e decidida diante do avanço da extrema-direita, os agrupamentos mais pequeno-burgueses têm como regra a procura por um caminho mais curto, que fuja de uma necessidade real de enfrentar a burguesia. Esses caminhos, no entanto, sempre levam ao fortalecimento do regime político e da burguesia enquanto classe. Em outras palavras, à derrota da classe operária.

Consideramos importante assinalar, também, que o desespero da pequena burguesia, na medida em que a polarização política aumenta, para justificar uma política centrista, que fuja do enfrentamento, leva a uma posição cada vez mais reacionária. No artigo de Edmilson Costa, podemos encontrar inúmeras referências às instituições burguesas como se fossem, de fato, organizações democráticas:

“Da mesma forma como ocorreu nos Estados Unidos, aqui no Brasil as investigações que estão sendo realizadas pelo Congresso, pelo Supremo Tribunal Federal e pela Justiça do Rio de Janeiro devem ser ampliadas e aprofundadas”.

“É necessário que as instituições acelerem as investigações sobre os crimes cometidos pela família Bolsonaro”.

“Também é muito importante que a Câmara dos Deputados acelere as apurações sobre a rede de notícias falsas”.

A Justiça também deve ainda intensificar as investigações sobre a família Bolsonaro, especialmente seu filho senador e suas relações corruptas com as “rachadinhas”.

Fica claro, portanto, que quanto mais a polarização política aumenta, mais a esquerda pequeno-burguesa, que outrora se autodeclarava revolucionária, vai desnudando sua natureza reformista. Incapaz de lidar com a pressão da burguesia sobre as tendências revolucionárias das massas, abandona qualquer perspectiva revolucionária a procura do conforto das instituições burguesas.

Nesse caso, temos aqui uma situação tão evoluída, por parte do PCB, que sobram até mesmo referências à polícia e a práticas policialescas: “é importante que os órgãos policiais e jurídicos investiguem”, “tornar público e punir os responsáveis pelos crimes de ódio”, “é fundamental tornar público, desmoralizar e punir essa corja” etc.

O caminho para derrotar o fascismo nunca foi o de depositar as esperanças na burguesia, muito menos o de fortalecer o regime político. É preciso unificar todos os trabalhadores, os explorados e as suas organizações em uma frente de luta que se disponha a derrotar o fascismo nas ruas e a enfrentar a burguesia, reagindo a todas as suas provocações à altura.

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