A crise do regime golpista aumenta à medida em que a farsa relativa ao processo envolvendo o ex-presidente Lula vem ganhando notoriedade. Um dos pilares do golpe, o Supremo Tribunal Federal (STF), tomou a capa das principais manchetes da semana com o caso do deputado bolsonarista de extrema-direita Daniel Silveira (PSL). Mas, afinal, do que se trata? Como já dizia Marx, “o caminho do inferno está pavimentado de boas intenções”, e, no que diz respeito ao STF, a estrada para o purgatório foi construída com base nos cálculos políticos da empreitada burguesa.
A questão envolve dois aspectos: 1º é o aspecto concreto da política: por que o STF agiu com rigor contra o Deputado? Sabe-se que discursos contra o STF, ameaças ao regime não datam dessa semana conturbada. Bolsonaro, Mourão, Vilas Bôas etc., são resolutos nesse quesito; de fechamento do regime a fuzilamento de 30 mil esquerdistas, as intimidações correm a ficha dos milicos e do presidente golpista. Esse, portanto, não é um problema para o Supremo, essa ação foi uma resposta à colocação do Gen. Vilas Bôas ao revelar em seu livro que os militares pressionaram o STF para que a corte não soltasse o Lula. Nesse sentido, esse acontecimento opera como uma espécie de diversionismo dentro da situação política, deslocando a questão de Lula , onde o STF é cúmplice do golpe de Estado, para uma pseudo luta contra os golpistas, contra a extrema-direita, os fascistas. Essa deve ser a caracterização política da ação do STF. Com a corte totalmente desmoralizada, a prisão do deputado bolsonarista busca resgatar o moral dos sicofantas de toga.
Outro ponto a ser considerado é o caráter ditatorial da Corte. O STF é completamente antidemocrático e interpreta a constituição de acordo com seus interesses, passando por cima da Constituição em diversas ocasiões. Vale destacar que a liberdade de pensamento é consagrada na Constituição Federal de 1988, no artigo 5º, IV, ao dispor “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato”. Dessa forma, o STF escancara que é um órgão que se considera acima da constituição, impetrando uma verdadeira ditadura contra os direitos democráticos da população, como foi o caso da proibição da participação do ex-presidente Lula nas eleições de 2018. Mesmo sub judice, Lula não participou das eleições, levando à vitória da farsa com a eleição de Jair Bolsonaro.
A despeito do papel do STF no golpe de 2018 e seu envolvimento na operação Lava Jato, boa parte da esquerda vem adulando a Corte com a falsa ideia da defesa da democracia. No entanto, a verdade é que o apoio dado pela esquerda ao STF cria a ilusão de que a corte é democrática, o que permite arbitrariedades. Isso dá autoridade para que o STF exerça seu caráter golpista e aprofunde a ditadura no país. O deputado bolsonarista é, em realidade, um bode expiatório para disfarçar o escândalo que foi a intervenção dos militares confessada por Vilas Bôas. Por que Toffoli foi assessorado pelo general Azevedo e Silva? Qual será o julgamento para as ações declaradamente golpistas de Deltan Dallagnol, Sergio Moro e todos os envolvidos na Lava Jato? Ora, hoje em dia não faltam provas e declarações dos próprios participantes de que foi um operação fraudulenta dirigida pelo imperialismo. Não se trata do anátema proferido pelos sacerdotes do imperialismo contra Lula “não temos provas, mas temos a convicção”, no caso dos golpistas, abundam provas.