Após nove meses com as escolas fechadas por conta da pandemia do coronavírus, a Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), defende que a prioridade para 2021 é a volta às aulas. De acordo com Ítalo Dutra, chefe de Educação do Unicef no Brasil, a preocupação é a de “reabrir o mais rápido possível e de forma segura as escolas”.
A campanha da burguesia pela volta às aulas segue a pleno vapor, mesmo com as baixíssimas perspectivas de melhora em relação ao controle da pandemia e com uma falsa esperança de que 2021 seja o ano da vacinação. Além disso, a declaração de Dutra contrasta com um relatório publicado em agosto pela própria Unicef, onde aponta que 16 milhões dos estudantes brasileiros não tinham acesso a água e sabão para lavar as mãos em suas escolas.
A Unicef, assim como várias outras organizações que atuam em defesa dos interesses do imperialismo, tentam fazer uma defesa farsesca de que estariam preocupados com a saúde mental dos alunos, com o fato de eles não conseguirem ter acesso às aulas a distância e até mesmo com abuso infantil por parte dos pais e familiares. Na verdade, os capitalistas e as instituições que propagandeiam a volta às aulas estão preocupados com a perda de 1,5% do PIB mundial, de acordo com previsão da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico,) outro órgão imperialista.
Essa política do imperialismo é abraçada também pelos ditos governadores “científicos” do país, como João Doria, que agora faz uma campanha eleitoral própria a partir da vacinação que deve iniciar em São Paulo no ano de 2021. Sabemos que a vacinação não será uma realidade para a maioria da população e que sua eficácia é contestável.
Tal como Doria, a burguesia quer fazer acreditar que com uma vacinação minúscula e sem nenhum preparo sério para contenção da pandemia as aulas poderiam finalmente voltar. Mais ainda, defendem a farsa de que é possível voltar às aulas em segurança, com distanciamento ou o que quer que seja, como já vem fazendo há meses.
A consequência natural para essa política é o genocídio da população pobre tendo os jovens como principais alvos e a mesma deve ser combatida com mobilizações nacionais da juventude pela suspensão das aulas até o fim da pandemia.