As condenações já começaram, mesmo antes dos julgamentos. Na sexta-feira (22/01), uma juíza federal do estado de Ohio determinou que Donavan Crowl, carpinteiro e militante de uma milícia de extrema-direita que participou da manifestação, continue preso sem direito a fiança enquanto aguarda o julgamento. Em sua ordem de prisão a juíza antecipa a provável sentença condenatória, baseada no argumento de “conspiração”.
Depois da invasão do Capitólio, várias pessoas foram perseguidas e presas, entre elas Samuel Camargo, filho de brasileiros, que participou das manifestações. Os detidos sofreram todo o tipo de acusações, como se fossem criminosos, fazendo com que o direito democrático de livre manifestação, inclusive na casa do povo (O Congresso invadido), tenha sido revogado nos EUA sob o argumento de “manter a ordem”, mesmo que isso signifique um aumento brutal na repressão, que resultou em mais de 90 prisões e 4 pessoas assassinadas pela Polícia.
A atual retomada de ataques à liberdade dos cidadãos, assim como o processo de limitação de direitos no período após o 11 de setembro de 2001, quando as Torres Gêmeas do World Trade Center foram implodidas, é uma manifestação clara do espírito real da democracia norte-americana e antecipa o que os Democratas pretendem implantar no país e no resto do mundo.
Com o retorno do grupo mais afinado à política belicista dos capitalistas daquele país, sob a égide de uma propaganda que faz os EUA parecerem ser a terra da liberdade, enquanto restringem direitos civis e matam indiscriminadamente mundo afora. Agora a repressão até então contra os estrangeiros, será também contra cidadãos norte-americanos.
A defesa dos direitos e das liberdades civis não só para os brancos ricos e democratas é essencial na luta pela garantia dos direitos humanos de todas as pessoas. Na medida em que se impõe limites em função de posições políticas e classe social, acabam os direitos para todas as pessoas. Por isso, é fundamental que se acabem as prisões por motivos ideológicos ou suspeitas da segurança nacional. É necessário acabar com o aparato repressivo que faz dos EUA a maior prisão do mundo, com 2 milhões de pessoas encarceradas, a maioria negra e latina. É urgente o fim da tortura e das prisões secretas mantidas pelo governo norte-americano em várias partes do mundo.
A única solução que o imperialismo norte-americano apresenta para a crescente miséria que toma conta das grandes cidades e das periferias negras e latinas é a repressão e a guerra. Os democratas possivelmente vão amenizar o forte corte de gastos imposto pelos republicanos em programas sociais, vão apresentar um discurso mais “civilizado” para justificar suas ações.
Mas não se deve ter ilusão. No conjunto, suas ações vão repetir as administrações democratas do passado. Serão intervencionistas e belicistas, apoiados em grandes corporações empresariais e farão de tudo para garantir o lucro delas, seja às custas de golpes de Estado – como fizeram no governo Dilma Rousseff (PT) no Brasil, e no governo de Maduro, na Venezuela – seja criando um regime de exceção baseado na perseguição dos próprios cidadãos norte-americanos.