Na última quarta-feira, dia 10, foi aprovado na Câmara dos Deputados o texto base da reforma da previdência em primeiro turno com folga na quantidade de votos (379 votos de um total de 513). A aprovação da destruição da previdência social se deu com apoio da base de partidos que estão na chamada Frente Ampla e de partidos que estão negociando a sua entrada nessa frente. Ou seja, a aprovação da previdência é o primeiro resultado da frente ampla.
A Frente Ampla foi uma proposta elaborada pelo PCdoB para que partidos de “esquerda” se unificassem em torno da luta pela democracia e de oposição ao governo Bolsonaro. Nesse campo estariam partidos de esquerda como PT, PCdoB e Psol, mas também partidos como o PSB e PDT, tomado por elementos da direita e sem nenhuma base entre a população e muito menos entre os trabalhadores, e até mesmo o PSDB.
O resultado da aprovação da Previdência foi didático para que serviria essa tal Frente Ampla: apoio total aos ataques aos trabalhadores. O PDT, de Ciro Gomes, 8 dos 27 (30%) deputados votaram favoráveis a reforma e no PSB, 11 dos 32 (34%) deputados também aprovaram a reforma. Ou seja, boa parte dos deputados dos partidos da frente ampla apoiaram a destruição da previdência.
Os deputados da Frente Ampla foram escalados para jogar contra Bolsonaro, mas na verdade jogam no time dos golpistas e da retirada de direitos dos trabalhadores.
É importante registrar que no processo de impeachment de Dilma Roussef, um passo fundamental para o estabelecimento dos golpistas no poder, 6 dos 18 deputados do PDT votaram a favor do golpe e no PSB esse número foi ainda maior, 29 dos 32 deputados favoráveis ao golpe.
Outro dado importante da Frente Ampla é que o PCdoB, numa adaptação total ao governo Bolsonaro, apoiou o principal responsável pela articulação e aprovação da destruição da previdência, o presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Inclusive existem setores do PSDB, como Fernando Henrique Cardozo, fazendo negociações com essa frente ampla e com a direita do PT e com o PCdoB para que partido, que apoiou integralmente o golpe em 2016 e a fraude das eleições que colocaram Bolsonaro na presidência, seja parte da frente.
Fazer uma frente ampla com partidos que apoiaram o golpe e os ataques aos trabalhadores tem esse resultado prático: aprovação da destruição da previdência com folga. E é um sinal para os próximos ataques aos direitos da população, onde provavelmente a frente também deve apoiar. É uma política suicida.
A política da frente ampla é uma maneira de evitar que setores da esquerda mobilizem os trabalhadores e a população contra os ataques do governo Bolsonaro.
Significa uma frente ampla para colocar o movimento a reboque da burguesia, dos mesmos políticos de sempre, como Rodrigo Maia, Calheiros e Sarney, o PSB e o PDT que não querem tirar Bolsonaro e muito menos a liberdade de Lula.