A preparação para eleições presidenciais norte-americanas seguem em ritmo acelerado, apesar do Coronavírus. No estado de Wisconsin, uma decisão judicial provocada por líderes republicanos manteve as eleições primárias locais. Considerado um estado-chave na definição do rumo político do país, o não adiamento das prévias é vantajoso ao Partido Republicano, do atual presidente Donald Trump, já que a pandemia desmobiliza os eleitores.
A importância das prévias de Wisconsin se dá por duas razões principais, com desdobramentos tanto na política doméstica norte-americana quanto na dos demais países com eleições agendadas para 2020.
A ala alinhada à esquerda do Partido Democrata, que deposita esperanças desde de 2016 no Senador social-democrata Bernie Sanders, vê em Wisconsin a chance derradeira do candidato se reerguer. Uma série de manobras anti-democráticas, levadas adiante pela ala direitista do partido, minou o favoritismo de Sanders, erigindo Joe Biden como candidato artificial.
Sanders já havia sido vítima de um golpe intestino muito semelhante, quando, em 2016, foi substituído por Hillary Clinton como candidato oficial do partido, muito embora seu nome aparecesse como único capaz de derrotar Donald Trump. O resultado é do conhecimento geral: Hillary foi derrotada por Trump justamente por ser alinhada ao setor mais ferino do imperialismo norte-americano. Desde então, quase toda a imprensa internacional, pretensamente democrática e liberal, critica hipocritamente a figura ridícula de Donald Trump. Contudo, apoiam o boicote partidário a Sanders, por considerá-lo excessivamente socialista. Na prática, esses setores da burguesia atual ativamente para reconduzir Trump a mais um mandato na Casa Branca.
A definição jurídica do pleito eleitoral em meio à crise sanitária do Coronavírus também veio à tona nas eleições primárias de Wisconsin. O governador democrata Tony Evers havia adiado a disputa, mas teve seu decreto cassado pela ala republicana da Suprema Corte de Justiça. Em breve, a discussão será levantada em outros países como o Brasil, que tem eleições de prefeitos e vereadores agendadas para Outubro/2020.
A indefinição na política norte-americana é acentuada pelo quadro de caos social e econômico que já se instalou no país. A onda do Sars-Covid 19 fez ruir a sistema de saúde e a paralisação na economia trará um desemprego e uma queda na produção de proporções inéditas na história, segundo especialistas. Em meio ao caos social, o único candidato popular que defende a criação de um sistema público de saúde e educação é golpeado pelos correligionários e pela oposição. Os únicos que se favorecem da situação são a extrema-direita e Donald Trump.
