Presos políticos da etnia mapuche já se mantêm em greve de fome no decorrer de 41 dias no Chile. Os indígenas estão detidos no cárcere de Angol e denunciam que a polícia não tem permitido o ingresso de médicos de confiança e que as condições de saúde dos grevistas são críticas. Uma das reivindicações dos mapuches é a comutação da pena para prisão domiciliar. De acordo seu porta-voz, os indígenas já demonstram sinais de desgaste físico devido à prolongada greve de fome. Desde o dia 29 de maio, as autoridades não permitem o ingresso nem mesmo de um machi (xamã da cultura tradicional mapuche) para oferecer cuidados e conhecer a situação.
A greve de fome dos prisioneiros políticos mapuches tem como objetivo chamar a atenção para o fato de o Estado chileno não cumprir a convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que versa sobre as medidas distintas que devem ser aplicadas aos povos indígenas nas instituições prisionais, no sentido de garantir seus costumes e tradições. A pandemia do Covid-19 agrava a situação e expõe os prisioneiros ao risco de contágio e morte. As chance de morrer para um mapuche, em decorrência da doença, são altas.
Uma outra razão para a greve de fome dos mapuches é apontar para a necessidade de tratamento igual perante a lei. Isto é, os indígenas exigem que o poder público os trate como cidadãos e garanta seus direitos fundamentais.
Os mapuches são presos políticos do regime ditatorial de Sebastian Piñera. Isso demonstra o caráter do regime político chileno, herdeiro da ditadura fascista de Augusto Pinochet e que mantém as mesmas instituições da época. Os governos da esquerda moderada – Michele Bachelet e a Concertación para la Democracia – não modificaram as instituições políticas chilenas, na medida em que a Constituição aprovada por Pinochet segue vigente. A questão dos povos indígenas é sensível e a opressão política sobre os mapuches é amplamente denunciada nacional e internacionalmente.
No final de 2019, o Chile explodiu em mobilizações populares contra o governo Sebastian Piñera e houve fortes enfrentamentos entre as tropas de choque da polícia, os Carabineiros do Chile, e o povo nas ruas. É preciso denunciar a prisão política dos mapuches e exigir sua imediata libertação. O regime dominado pela direita tem que ser varrido do mapa para atender aos interesses dos trabalhadores e dos povos indígenas.