O massacre que o Estado promoveu em Altamira, mais uma vez deixou vítimas que em sua maioria eram negros, pobres, jovens e muitos ainda não haviam sido julgados. As prisões, verdadeiras máquinas de moer a população pobre e oprimida, levam a população carcerária aos piores destinos possíveis. Os mecanismos de opressão e exploração do Estado fazem com que a classe trabalhadora busque alternativas desesperadas para sobreviver, muitas vezes acabando no crime, tendo em vista que o mercado de trabalho não só não é receptivo com a população pobre e negra, como também oferece salários baixíssimos, que na maioria das vezes não sustentam nem um membro de uma família.
Um relatório divulgado pelo Conselho Nacional de Justiça na segunda-feira (29) revelou que o presídio de Altamira possuía superlotação, falta de agentes e péssimas condições, além de não fornecer biblioteca, enfermaria, nem centros de trabalho aos presos. Ou seja, o Estado, através de vários mecanismos, deixa a população num completo caos social, desamparada e desempregada, depois a joga em jaulas superlotadas, sem acompanhamento médico, sem educação, sem qualquer infraestrutura minimamente aceitável, violando todos os pontos básicos dos direitos humanos.
Cerca de 64% da população carcerária no Brasil é preta ou parda, o que só corrobora a tese de que o Estado é uma máquina de explorar e depois “jogar fora” a população pobre, quando não mais serve como mão-de-obra barata. O Estado punitivista não quer saber de “reeducar” essas pessoas pobres que cometem crimes de acordo com a justiça burguesa, mas sim torturá-los até chegar nessas situações extremas de rebelião e massacres. Além do mais, a maioria dos assassinados no Pará, eram pobres, jovens e negros, não tinham cometido crime violento algum, mas sim crimes como tráfico de drogas, que é um exemplo claro da também urgente necessidade de se descriminalizar as drogas no Brasil.