No dia 1o. de janeiro, presos iniciaram uma rebelião após um surto de coronavírus no presídio de Ponta Porã, há 323 km da capital Campo Grande. De acordo com relato de familiares, a revolta dos presos aconteceu depois de um surto de casos entre os presos. Este fato não é novo, pelo contrário, é mais um dos diversos casos que acontecem em todo o Brasil.
Os presos, enquanto mantidos pelo Estado em uma condição desumana, com a pandemia do coronavírus, recebem mais um dos vários instrumentos de tortura que já são aplicados nas peninteciárias brasileiras. Sem tratamento adequado, em celas lotadas, não poderia ter outros resultado senão surtos acontecendo em todos os Estados. Os presos solicitam a presença de advogados e da imprensa. Com a pandemia, o sistema peninteciário aumentou ainda mais a repressão, retirando um direito básicos dos presos que é o direito a defesa. Muitos tiveram restrição quanto ao encontro com advogados, além de várias regras e impedimentos para que o preso tivesse seu direito de defesa garantido.
A esposa de um dos presos, relatou que o marido e outros presos já tiveram os sintomas no covid, mas não há tratamento adequado. A mulher informou que o marido tem se tratado apenas com paracetamol, e não há nenhuma medida de isolamento. Pelo contrário, ela relatou que outros presos já desmaiaram na cela do marido, que hoje está com 20 pessoas trancafiadas. Ainda segundo uma funcionária do presídio, não há mais testes aos presos e quem testou positivo, voltava pra cela junto a outros que não fizeram o teste.
Essa situação tende a se estender a outros presídios. No primeiro semestre deste ano, familiares de presos em Brasília realizaram um protesto contra o sistema prisional. Os familiares na época, denunciaram as condições degradantes que estavam vivendo os presos, sem acesso a advogados, visitas familiares e sofrendo violência de agentes de segurança. Ainda esse ano, houve uma renelião em Manuas em maio.
Assim fica claro, qual a política dos governos estaduais, federal e municipal em relação aos presos. Se antes da pandemia, a situação já era completamente degradante, diante da crise econômica e de saúde, tende a se aprofundar a repressão. O sistema prisional não serve, nem nunca servirá para outra coisa, senão a tortura e execução dos que estão presos. Com o aumento do número de casos, os presos são um dos setores que mais sofrem com a pandemia. O número de mortes que está subnotificado, tende a aumentar muito este ano, e com a política genocida dos governos, os presos e a classe trabalhadora estarão encabeçando essa estatística macabra.