Durcesio Mello é o novo presidente do Botafogo, tradicional clube de futebol carioca que viveu seu auge com um dos maiores ídolos do futebol mundial, Mané Garrincha. A “Estrela Solitária” se encontra na mira de uma campanha dos capitalistas para sua privatização.
As experiências dos chamados clubes-empresa têm avançado progressivamente no Brasil, atingindo clubes tradicionais como o Bragantino em São Paulo e o Figueirense em Santa Catarina, mas ainda não chegou aos grandes clubes. Por isso, a importância do contexto atual vivido pelo Botafogo.
A eleição de Durcesio ocorre em meio ao imbróglio da transformação do Botafogo em um clube-empresa. O tema que dominou o processo eleitoral foi justamente a crise financeira vivida pelo clube e que serve de pretexto para sua desfiguração.
A pressão pela transformação do clube em Botafogo S/A tem o apoio entusiástico do golpista Felipe Neto, que setores desnorteados na esquerda procuram reabilitar. Em suas redes sociais, se colocou “aberto a ouvir o Presidente do Botafogo”, mas determinando como exigências mínimas a conclusão da privatização do clube e a permanência na Série A do Brasileirão.
Neste contexto, o atual mandatário cumpriria um papel meramente transitório até que o clube seja entregue a algum grupo capitalista. Sem a administração do futebol, sua função seria restrita à parte social do clube e aos esportes aquáticos.
É importante lembrar que quando se fala em privatização, estamos situando o debate no marco atual do capitalismo. A fase imperialista desse sistema é caracterizada pelos monopólios, onde os bancos ocupam papel central.
Assim, não existe a possibilidade de que o Botafogo seja controlado por algum grupo pequeno ou médio de investidores. A tendência dessa empreitada dos clubes-empresa é que vários deles passem a ser administrados por poucos ou até um mesmo capitalista.
O que esses tubarões da economia mundial querem é justamente abocanhar toda essa estrutura montada por décadas nesses grandes clubes. Gerações de torcedores, todo o patrimônio histórico, tudo isso de mão beijada para que esses parasitas se aproveitem do clube enquanto for lucrativo. Quando deixar se ser, retiram seu capital e investem em outro.
Por esse caráter parasitário, não há interesse em construir um clube do zero. Fora toda a estrutura física, a parte não material demora muito mais tempo para ser construída: a relação da torcida com o time, sua história.
A desfiguração operada contra o tradicional Bragantino deve servir como alerta aos torcedores botafoguenses. Mesmo não figurando entre os grandes clubes nacionais, tem uma longa história e teve que abrir mão até das próprias cores e do seu escudo para se adaptar ao padrão da multinacional Red Bull, que já controla alguns clubes na Europa.