O estado de Mato Grosso é reconhecido internacionalmente pela sua capacidade de produção ligada ao agronegócio. Mas é também um território marcado pela violência no campo. O estado possui aproximadamente 42 etnias de povos indígenas, segundo último censo do IBGE, que encontram-se constantemente ameaçados pelo grande latifúndio. Concentra muitas riquezas naturais, sendo o único estado a possuir os três biomas (Cerrado, Pantanal e Amazônia) e, como não haveria de ser diferente, desperta interesses, por parte do capital, em lucrar sem considerar as necessidades da população local, por exemplo, os povos indígenas, que vivem na localidade.
Além de ser um estado que, desde a sua colonização encontra-se marcado pela violência e conflito no campo, o governo estadual de plantão é totalmente alinhado com a política bolsonarista, que é totalmente contrária aos interesses dos povos indígenas e em favor dos grandes latifundiários. Exemplo disso é que foi realizado, no último dia 31, um encontro entre o governador Mauro Mendes (DEM) e o atual presidente da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) Marcelo Xavier, no qual estiveram representados os latifundiários, inimigos históricos dos interesses dos indígenas.
Não surpreende, portanto, que o presidente da FUNAI tenha buscado, além desse encontro com o governador golpista do estado de Mato Grosso, reunir-se no dia posterior (01/09) com a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (FAMATO), para tratar de assuntos como o que afirma ser uma política da “nova funai”. Nesse encontro estava presente Vilmondes Sebastião Tomain que é diretor financeiro da FAMATO e, também, Francisco Olavo Pugliesi de Castro.
Sabe-se que Tomain é um representante do latifúndio, tendo um histórico marcado por fraudes e irregularidades ambientais em suas fazendas. Segundo o jornal de Olho nos Ruralistas, Tomain afirmou para o Presidente da Funai que a FAMATO busca qualificação para ” índios ou não índios” para “produzir mais em menos”. Podemos traduzir suas palavras como: buscamos expulsar indígenas de suas terras para escraviza-los até que morram. Nada tem de diferente o vice presidente da FAMATO, Francisco Olavo Pugliesi de Castro que também possui cargos altos no Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso (Senar-MT), na Comissão de Bovinocultura de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e na Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ). O vice presidente da FAMATO vem de uma família de latifundiários e, pelo que tudo indica, continua honrando a memória de seu pai.
É importante destacarmos, que neste momento, a FUNAI vem cumprindo a política bolsonarista. Possui como presidente uma personalidade que busca defender única e exclusivamente os interesses dos ruralistas latifundiários. Marcelo Xavier, enquanto exercia sua função como delegado já foi, inclusive, afastado de um processo por suspeita de estar sendo conivente com invasores de terras indígenas. Também já fez parte do governo golpista de Michel Temer como assessor do ex-ministro Carlos Marun para tratar sobre assuntos relacionados a questão agrária. Já foi ouvidor da FUNAI por um período durante governo Temer e, também, foi assessor da comissão parlamentar de inquérito (CPI) da Funai e do Incra na Câmara a mando dos representantes do agronegócio.
Essa visita de Marcelo Xavier ao estado de Mato Grosso deixou claro a política da FUNAI e dos bolsonaristas em relação aos assuntos pertinentes a questão da terra e direitos dos indígenas. A FUNAI, neste momento, não pretende proteger os povos indígenas, muito menos garantir suas terras. O que a “nova FUNAI” quer é exterminá-los e entregar suas poucas terras existentes ao grande latifúndio e essa visita de Xavier aos representantes do agronegócio no estado de Mato Grosso evidencia isso.