Um setor que já vinha sendo fortemente prejudicado pelas políticas reacionárias e de ataques constantes às manifestações culturais por parte dos governos golpistas e afetado pela crise econômica que se instaurou no Brasil desde o golpe de 2016, a cultura sofre novo revés com a crise provocada pelo coronavírus.
Só em São Paulo, 57 espaços culturais, entre eles cinemas, teatros e museus estão com toda a programação cancelada por motivos de contenção de circulação e aglomeração de pessoas para evitar mais contágios por coronavírus. Se o período de reclusão se prolongar muito, muitas casas de shows terão como única alternativa fechar as portas. Tal situação terá como efeito imediato mais desempregados, agora do setor cultural.
O Secretário de Cultura e Economia Criativa de São Paulo, Sérgio Sá Leitão, prevê prejuízos de mais de R$ 34 bi para um período de 3 meses de paralisação. A pasta é uma das mais prejudicadas com a crise, assim como a do turismo.
Artistas foram pegos de surpresa pela crise e procuram formas alternativas de oferecer cultura e entretenimento ao público, mas, apesar de seus esforços, o declínio do setor cultural será inevitável.
Por outro lado, com o objetivo de tentar reverter o quadro catastrófico que se anuncia, o governo de São Pulo anunciou, nessa quarta-feira (18), créditos de R$ 500 milhões para a redução de danos nos setores de cultura e economia criativa, turismo e comércio, criando o Comitê Econômico Extraordinário.
A questão é que ninguém pode prever os verdadeiros impactos que o coronavírus trará para a economia de São Paulo, e de todos os demais estados do Brasil. Não só nos setores culturais, mas na economia nacional como um todo. Até aqui cenário já se encontra bem pior do que qualquer previsão e a tendência é se agravar. Veja que o prejuízo calculado é para uma situação de contenção relativa durante um período de 3 meses, mas já se fala que isso não será suficiente, podendo se estender por até 18 meses.
Todos os governos e prefeituras das capitais e de outras cidades dos estados a região Sudeste, concentram suas medidas de combate à doença na contenção da circulação de pessoas. Mas sabe-se, com base em vários modelos observados em outros países onde o vírus começou a se espalhar bem antes que no Brasil, como na China, Itália, Coréia do Sul etc. que apenas manter o máximo de pessoas circulando pelas cidades o mínimo possível não é suficiente para conter a catástrofe já anunciada, inclusive, pelo próprio ministro da saúde de Bolsonaro.
Coisas básicas e que não exigem grandes investimentos por parte do poder público deveriam, desde muito antes, ter sido um dos pontos principais par combater o vírus. Praticamente não se encontra mais artigos que nesse momento se transformaram em artigos de primeiríssima necessidade, pois a saúde e sobrevivência de milhares, senão milhões de pessoas dependem delas. Não se encontra mais álcool em gel, máscaras e luvas em praticamente nenhum estabelecimento das grandes cidades onde a transmissão já se iniciou. Só agora alguns prefeitos e governadores acordaram para fato de que terão de ampliar muito a rede de atendimento à saúde. Com o pouco tempo que lhes resta, a solução que encontram é de improvisação, adaptando estádio e outros edifícios para receber os pacientes que já começam a se avolumar nos postos de atendimento e hospitais.
Um outro fator que tem se demonstrado imprescindível para o controle da doença é a testagem mais ampla possível da população para se proceder as necessárias quarentenas e para se ter a real situação do coronavírus no país.
Mas a realidade é que, em tempos de governo Bolsonaro, nada disso está sendo feito, não se consegue o teste de coronavírus nem mesmo para pacientes a pedido médico. Isso nos indica fortemente que os números apresentados à sociedade brasileira estariam completamente defasados. E que, talvez, o Brasil seja um dos países com menos condições de enfrentar essa crise.