Nesta quarta (22), integrantes do Conselho Popular de Saúde do Boqueirão, foram à prefeitura de Curitiba cobrar que medidas emergenciais, como a entrega de cestas básicas, máscaras, álcool em gel, entre outros, sejam implementados imediatamente.
No entanto, para a surpresa e indignação de todos, o mesmo governo municipal, de Rafael Greca (DEM), que decretou a destruição do isolamento social na última sexta (17), mantém o atendimento à população, no setor de protocolo geral, apenas por e-mail. Mais que isso, um servidor que estava trabalhando e foi abordado por uma das janelas laterais da prefeitura, disse “estamos na era digital, hoje tudo é pela internet”.
A declaração do servidore municipal indica o que pensa o prefeito em relação à população, o que fica claro devido às reivindicações que ali foram levadas.
“Considerando levantamento realizado pelo Conselho Popular de Saúde em conversa com os moradores sobre suas necessidades, sobretudo alimentares e de saúde.
Solicitamos que a prefeitura imediatamente:
1. Pague integralmente todos os benefícios, auxílios, programas que são de direito dos moradores do Boqueirão e Alto Boqueirão;
2. Pague para cada família, uma cesta básica semanal, para evitar de todas as formas possíveis que qualquer pessoa passe fome em plena pandemia do coronavírus;
3. Intervenha junto à entidades como a Sanepar e a Copel, acusando as ilegalidades de suspensão de fornecimento de serviços de luz e água, que estão sendo praticadas pelas empresas – apesar das proibições das portarias de agências reguladoras – pressione institucionalmente para que todos as unidades consumidoras, mesmo nos domicílios inadimplentes com as respectivas taxas, seja retomado o fornecimento dos serviços de água e luz;
4. Resolva todas as irregularidades relacionadas ao CPF dos moradores, bastando que a população apresente qualquer outro documento que a identifique (carteira de trabalho, rg. título de eleitor ou visto de permanência no caso dos imigrantes) como forma para acessar seus direitos;
5. Auxilie de forma direta com outros órgãos públicos, pedidos de naturalização imigrantes;
6. Inclua os moradores desempregados em trabalhos remunerados na prefeitura e em órgãos sob sua administração, para que as pessoas voltem a ter algum nível de renda além dos auxílios;
7. Proíba despejos, até que o inquilino possa arcar com o valor do aluguel com seu salário recebido.
8. Garanta de acesso à informação, disponibilizando internet para os moradores poderem se informar, inclusive sobre os programas e benefícios do poder público;
9. Distribua gratuitamente para todos os moradores, itens básicos como máscaras, álcool em gel 70% e luvas;
Que isso ocorra no prazo máximo de até uma semana e que seja marcada uma reunião do Conselho Popular com o prefeito de Curitiba, Rafael Greca, na próxima quarta (29/04) às 15h, quando acabará o prazo, para discutir o atendimento de todas as reivindicações.”
Trecho da carta do Conselho, remetida à prefeitura.
Essa postura totalmente criminosa contra o povo tem ocorrido também em outras cidades e estados, como publicado pelo DCO matéria denunciando o mesmo descaso por parte do prefeito de São Félix do Coribe-BA.
Este episódio ilustra a necessidade da pressão sobre o poder público e que só através dela pode-se chegar ao resultado de que ele cumpra minimamente seu papel, pois o caso mostra que até entregar um ofício com uma série de reivindicações das mais elementares é um privilégio que requer ter acesso à internet.