Na França, a prefeita do partido socialista da capital Paris recebeu uma multa, pasmem, pelo fato de empregar muitas mulheres para cargos de primeiro plano.
A multa de noventa mil euros foi dada pelo Ministério da Função Pública da França, com a alegação de que o país, com a ação da prefeita no ano de 2018, infringiu as regras de paridade de gênero estabelecidas. No ano de 2018, as mulheres ocuparam na administração da capital francesa 69% dos cargos de chefia, com onze mulheres e cinco homens em funções destacadas.
A ministra do serviço Público da França, Amélie de Montchalin, se pronunciou no Twitter sobre a multa, reconhecendo sua imposição, mas afirmando posterior anulação em 2019.
A situação é tão absurda que é difícil saber o que provoca à primeira vista, vontade de rir ou chorar, é indicador da atual situação a que as mulheres estão sendo relegadas em meio a uma das maiores crises econômicas da história, que em grande medida tem recaído sobre os ombros de setores mais vulneráveis como elas, o fato de terem trabalhos destacados geram comoção dentro dos meios sociais de Estados capitalistas mais desenvolvidos como a França.
A ação do governo francês deveria servir de sinal para os que alardeiam a substituição da luta de classes pelo identitarismo e a crescente emancipação das mulheres, mesmo as burguesas. Esses deveriam analisar com atenção o resultado de tentar dar voz e espaço aos mais oprimidos em uma sociedade capitalista cada vez mais barbarizada, sem ao menos apontar qualquer modificação em suas estruturas.
Porém, é ilusão achar que setores de esquerda que abandonaram a separação entre a luta operária e a burguesa, perdidos como se encontram façam tal elaboração. Essa deve ser feita pelas mulheres da classe trabalhadora e suas lideranças, no sentido de promover a reorganização de suas próprias fileiras.
É preciso que casos como esses nos sirva de lição, se nem as mulheres burguesas e pequeno burguesas, de direita ou esquerda, estão sendo aceitas em posições destacadas em determinados setores sociais, o que será das trabalhadoras. Pelo que os números nos apontam na pandemia, sobre a situação das mulheres, fica bem claro o aumento da violência doméstica, maioria entre os desempregados, destruição das condições de trabalho, aumento ainda maior das jornadas de trabalho, acúmulo de funções, dos direitos políticos e participação social.